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25 de setembro de 2015

{RESENHA} Os homens que não amavam as mulheres - Stieg Larsson

Nota: 9,5/10
Dados bibliográficos: Cia das Letras, (5ª edição) 2015, 528 páginas.
Título original: Män som hatar kvinnor (2005).
Resumo dinâmico: A garota com a tatuagem de dragão (e um taco de golfe) sai para brincar.

Resenha: Se existe um livro que eu considere uma aula magna no quesito detetivesco (ao menos moderno), ele com certeza é esse.

Não me leve a mal, adoro livros de Sherlock Holmes e do Inspetor Poirot (ainda que seja a simpática velhinha Miss Marple a personagem mais carismática na minha opinião), e posso destrinchar um bom tempo sobre livros de mistério, mas acho que poucos fizeram o que Larsson fez neste espetacular trabalho, e destaco NESTE em particular porque as sequências me decepcionaram bastante (principalmente o volume 2 que das 610 páginas poderia se resumir numas 200 e olhe lá)...

Claro, claro, existem alguns defeitos nítidos que o datam (Larsson gasta alguns parágrafos tentando explicar o quão moderno é um notebook utilizado por um dos personagens, e por mais tolo que pareça, meu celular atual tem mais poder de processamento), e, eu particularmente acho que o livro se beneficiaria bastante se terminasse um pouco antes (o último capítulo que é um epílogo se estende demais após a solução dos mistérios e dos principais pontos de interesse da história). Mas mesmo assim ainda considero o trabalho exemplar, por uma série de motivos.

Primeiro sem dúvida são os personagens que destoam dos clichês, oferecendo uma gama rica e fascinante, e mais que isso que não tem medo de brincar com alguns esqueletos perdidos no armário, com destaque para a família Venger com seus simpatizantes do movimento nazista. Claro que roubam o show os protagonistas, o repórter investigativo Mikael Blomkvist e a punk Lisbeth Salander, com histórias complexas e personalidades quase opostas, os dois navegam por um mar de absurdos ao desfraldar o passado da família Venger e com isso entrar no segundo fantástico aspecto do livro, que é a riquíssima história.

Construída com uma intrincada teia de eventos desencadeados há décadas, com grandes reviravoltas e novos mistérios conforme os protagonistas vão desvendando a trama, há sempre uma perspectiva nítida de que existe algo no ar, algo tangenciando os eventos principais e que obviamente significa muito mais que os fatos apresentados.
Os enigmas são fascinantes e como o leitor vai os descobrindo praticamente ao mesmo tempo que os personagens, a história adiciona gradualmente pistas para o quebra-cabeças de maneira que chegar ao final é bastante gratificante.

São frutos de uma narrativa excepcional, que constrói uma nítida ambientação, uma gradual e brilhante construção de personagens e jogando pistas lentamente para manter o leitor interessado, e tudo isso com uma acidez e perspicácia que concede oportunidades de ouro para o autor destrinchar seu veneno sobre o corrupto mundo corporativo e a Suécia atual (que, como a família Venger tem esqueletos no armário com um passado nazista e como o empresário Wennerström com sua empresa cheia de esquemas bastante questionáveis no mundo empresarial - para dizer o mínimo sem entregar spoilers).

Vale muito a pena.

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