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20 de agosto de 2015

{RESENHAS DE QUINTA} VADE RETRO

Nota: 8,5/10

Outcast vol 1 - A darkness surrounds him

(Roteiros: Robert Kirkman, Arte: Paul Azaceta, Image Comics, 156 páginas. Publicado em 28 de janeiro de 2015).

Vamos tirar algumas coisas do caminho primeiro:
1) A arte é espetacular e mesmo que você não curta histórias de terror, os roteiros de Robert Kirkman ou mesmo o tema da série, pelo menos dê uma checada na arte espetacular de Paul Azaceta. É deslumbrante, capaz de criar cenários perturbadores e belos com um tom quasi-realista que dá o tom exato para essa narrativa;
2) Sim é clichê o argumento e história que Kirkman está trazendo sobre demônios/possessões demoníacas e eu garanto que você, caro(a) leitor(a) pode destacar dezenas de exemplos onde isso é feito melhor. AINDA ASSIM, Kirkman cria um tom tenso com as doses certas de suspense para, pelo menos nesse volume 1, deixar o leitor com muito mais perguntas que respostas sobre toda essa trama de possessões demoníacas (e se, de fato são isso);
Dito isso, Outcast é uma série que realmente me surpreendeu, com um tom mais sério e um começo bem, bem, beeeeeeeem lento, que pouco ou quase nada oferece dos personagens principais, de seus dilemas e do que a história toda de fato se trata, ainda que as linhas gerais sejam estabelecidas: Algumas pessoas são possuídas por estranhos seres/demônios de fumaça, e o toque de Kyle Barnes parece capaz de aboli-los da face da Terra - e por isso todo mundo acha que ele é um maluco.
E é basicamente isso nesse primeiro volume, com algumas pessoas acreditando em Kyle, com um pouco de contextualização do casamento fracassado e da família do protagonista, mas tudo tão gradual e, mais importante, tenso que é difícil largar o volume antes do final.
As cenas são construídas com primazia, e, o talento de Azaceta é merecedor do crédito pela condução cinematográfica do progresso da ação e da direção geral de tom, clima e ambientação.
Mais difícil ainda está sendo esperar o volume 2...



Nota: 2,5/10
Rachel Rising# 35
(Roteiro e Arte: Terry Moore, Abstract Studio, 25 páginas. Publicado em 15 de julho de 2015).


Eu já falei bastante de Rachel Rising em semanas anteriores e sempre falei bem.

Pois bem, sempre há um momento para algo diferente: Essa edição é bem ruim.
Talvez "ruim" não seja exatamente a palavra, mas 'convoluta', com um excesso de exposição e uma exposição que realmente me deixa um tanto desconfortável em meio a toda aquela brilhante construção de um argumento de suspense, tensão e horror...
Isso é sempre um negativo quando se fala em horror porque a explicação para os fenômenos absurdos descritos não só tende a ser menos interessante que os fenômenos em si (ex.: todo filme de zumbi já feito) mas dependendo do quão sério o autor leva, bem, é o quão mais ridículo tudo vai soar.
E a explicação para Rachel Rising se esforça para pular o tubarão, dar um tchauzinho e pular de novo num duplo twist carpado... 
Não quero oferecer spoilers para a revelação, não quero também ser de todo pessimista (Terry Moore já tirou leite de pedra antes), mas foi difícil chegar ao final da edição de tanto com a palma de minha mão se esforçada para cobrir meu rosto, enquanto me perguntava se não teve nenhuma falha na impressão da revista trocando com outro material...
Talvez eu dê o braço a torcer nos capítulos que se seguem quando a trama aqui apresentada for de fato trabalhada, e, talvez até eu me arrependa dessa nota baixa. Mas sinceramente? Depois dessa brochada que foi a edição 35 fico até pensando se volto para os próximos capítulos...
(Quem eu estou querendo enganar? É claro que eu volto para os próximos capítulos...)





Nota: 3,5/10
Berserk# 1 (edição luxo)
(Roteiro e Arte: Kentaro Miura, Panini/Planet Manga, 224 páginas. [RE]Publicado em julho de 2015).

Se eu tivesse que traduzir a leitura da primeira edição de Berserk em poucas palavras elas seriam exatamente "Que porra foi essa que eu li?", pois é exatamente a sensação que eu tenho ao terminar o primeiro volume da série.
E não num bom 'que porra foi essa que eu li?', deixando bem claro, aquele 'que porra foi essa que eu li?' que te faz querer buscar mais, ler mais e ficar na ponta da cadeira roendo as unhas do dedão do pé de tanta angústia até conseguir mais material.
Talvez simplesmente seja que, pra mim, não teve química.
Não teve qualquer empatia ao protagonista e seu universo místico e as estranhezas foram se acumulando e saltando aos olhos a cada página tornando a chegada ao final do volume uma verdadeira e árdua tarefa.
Talvez eu estivesse ao delírio lendo esse material quando eu tinha 15 anos... Droga, é a fantasia de boa parte dos garotos de 15 anos (é violento - cheio de sangue, tripas e lacerações - tem um mundo de fantasia semi-medieval e um toque bizarro e adolescente de sexo - ainda que eu não saiba se dê pra considerar a cena em questão um positivo)!
Pra mim, com meus trinta e um tremendo de um choque de cultura para superar (alguém por favor me explica aquele elfo nu que segue o protagonista ultra-violento?) simplesmente não vale a pena. O que vejo da trama maior que engloba a série não me empolga e a trama deste volume (que se esforça em apresentar o personagem e mostrar o quanto ele é fodão e legal com seu braço mecânico e espada gigantesca que nem um pouco tem a função de compensar por alguma coisa...) não me convence.
Tem algumas cenas bem construídas, imagens fortes que parecem sair de pesadelos e o autor consegue intercalar e trabalhar muito bem isso, e quiçá melhore na próxima e ou próximas edições, quiçá tenha um desenvolvimento espetacular e brilhante que só requer um pouco de paciência... Só sei que não me cativou ou mostrou pra mim motivos para confiar que melhore.
Não acho que seja somente por ser mangá, afinal li Lobo Solitário e considero uma das maiores obras da história dos quadrinhos, e, ainda que seja até ridículo citar Dragon Ball (sério, alguém não gosta dele?), o fato é que é ainda mais bizarro e estranho que esse material (com extraterrestres, mestres ninja tarados que usam cascos de tartaruga e dragões mágicos que realizam desejos...) e acho que é exatamente esse o ponto. Dragon Ball sabe brincar com suas esquisitices e torná-las charmosas, nisso crescendo a empatia com o leitor... Berserk tenta ser aquele negócio sério, perturbador - e nisso acaba sendo pueril perto de obras realmente sérias e perturbadoras. São belas imagens, é um cenário interessante, só que vazio.
Não que isso fizesse diferença quando eu tinha quinze anos...


Semana que vem - Southern Bastards volumes 1 e 2 (o segundo indicado ao Eisner 2015)!

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