Nota: 9,5/10 |
Southern Bastards vol 1: Here was a man
(Roteiros: Jason Aaron, Arte: Jason Latour, Image Comics, 126 páginas. Publicado originalmente em 01 de Outubro de 2014).
Eu acho bastante difícil falar de Jason Aaron porque, bem, graças a esse maldito eu voltei a ler quadrinhos.
Deixe-me voltar um pouco no tempo, para um tempo mais simples chamado '2007'.
Eu, recém formado, começando minha primeira pós e com um emprego novo em outra cidade, estava numa fase em que mal tinha tempo para respirar. Quando estava em casa, estava estudando e revisando matéria, e, o pouco que eu lia, eu lia no ônibus para ou voltando do trabalho.
Por quase dois anos eu não li nada de quadrinhos além do que já tinha, e com o tempo o ônibus virou meu lugar para cochilar um pouco.
Não me lembro exatamente que dia foi que me deparei com Scalped, sei que foi numa promoção/oferta/prévia disponibilizada pela DC/Vertigo na época do lançamento do primeiro encadernado da série. Foi o primeiro quadrinho que li no computador, lembro que era um arquivo pesado pra minha internet da época (pesados 20 megas!), e demorou umas duas horas baixando um arquivo em pdf, que eu só estava baixando porque era de graça... Sem nenhuma expectativa, nem positiva e nem negativa.
Esperava, claro, algo bom (Vertigo foi minha adolescência em quadrinhos e a arte de Jock para a capa da primeira edição é lindíssima - ainda que também o seja para todas as outras). Não esperava Scalped.
Eu não sabia o que estava lendo, e, ainda hoje, anos após o fim da série, tenho minhas dúvidas.
É algo muito bom, complexo, intrincado e detalhado, com ramificações, complicações, reviravoltas... É como The Wire, só que numa reserva indígena. E eu amei cada uma das sessenta edições da série (mentira pois li nos 10 encadernados, mas...). Fiquei órfão em 2012 com o fim da série, e, até tentei acompanhar outros projetos do autor, ainda que suas histórias estivessem cada vez mais focando em super heróis e nisso não se importasse tanto em construir um universo rico e detalhado, inteligente e repleto de personagens carismáticos.
Entra 2014 e Southern Bastards faz justamente isso.
Acabou passando desapercebido também, mas ao contrário de 2007, em 2014 eu estava lendo MUITOS quadrinhos, e precisava filtrar o que ler. Aaron vinha me desapontando com seus trabalhos da Marvel, e, havia muita coisa interessante saindo (Black Science, Saga, Rachel Rising, o Cavaleiro da Lua de Warren Ellis...), além do que a série teve uma bela quantidade de atrasos (a primeira edição saiu em abril, a quarta em setembro), o que me deixou ainda mais preocupado.
Esperei pelo encadernado, e, como da outra vez, fui enfeitiçado logo de cara.
Cru e cruel, o sul de Jason Aaron e Jason Latour é ao mesmo tempo aterrador e místico, fantástico. Os personagens são identificáveis, seus dilemas morais são nossos dilemas morais e seus questionamentos, nossos questionamentos.
São pessoas comuns e mundanas, com dúvidas, preocupações e gigantescos defeitos.
Southern Bastards é uma aula magna de ambientação, construção de cenários (o uso de cores e cortes para a construção do clima, a forma como Latour molda cada cenário de maneira a nos permitir familiaridade) e personagens, e, ainda que eu tenha alguma consternação nesse primeiro volume com um aspecto em particular (não vou estragar a leitura de ninguém), o fato desse volume me deixar com o queixo caído com a cena final, apreensivo e imaginando que aquilo não estava REALMENTE acontecendo, mostra o quanto o autor consegue aproximar leitores de personagens e fazer-nos investir nessas linhas, traços e pontos num papel.
Se você não ler nenhum outro quadrinho em 2015, que Here Was a Man, o volume 1 de Southern Bastards seja esse quadrinho... Mas eu te desafio a não buscar o volume 2!
Nota: 10 |
Southern Bastards vol 2: Gridiron
(Roteiros: Jason Aaron, Arte: Jason Latour, Image Comics, 115 páginas. Publicado originalmente em 29 de Abril de 2015).
Não dá pra falar muito sem entrar no campo de spoilers do primeiro volume ou desse, e esse é o volume indicado ao prêmio Eisner (a premiação mais importante dos quadrinhos norte-americanos), e, por um motivo bem justo: Enquanto o primeiro volume sozinho já é espetacular, esse consegue superar o primeiro volume em todo e qualquer aspecto.
O que existe de bom no volume 1 está melhor no volume 2. O que era excelente, continua excelente (se não está melhor também). O que me incomodou, inexiste aqui... Seria necessário buscar algum erro tipográfico ínfimo ou de impressão para destacar alguma coisa de negativo, porque, sinceramente eu não consigo.
Gridiron é brilhante, com uma história intensa que retrata o passado do vilão (?) do primeiro arco e o principal e mais importante bastardo sulista até o momento, e o faz de tal maneira que é impossível não vê-lo com outros olhos, não ver seu drama, sua história de superação e garra como um conto caucionário, uma daquelas histórias terríveis que podem acontecer a qualquer momento e com qualquer um (dada a repetição das circunstâncias), e o fato de expôr luz ao passado trágico de um personagem que até então era visto somente como um tremendo cretino (ao que vemos que, bem, ele é - isso não mudou - mas, mais que isso, ele SE TORNOU um cretino, e aqui está a história e os porquês).
(Roteiros: Jason Aaron, Arte: Jason Latour, Image Comics, 115 páginas. Publicado originalmente em 29 de Abril de 2015).
Não dá pra falar muito sem entrar no campo de spoilers do primeiro volume ou desse, e esse é o volume indicado ao prêmio Eisner (a premiação mais importante dos quadrinhos norte-americanos), e, por um motivo bem justo: Enquanto o primeiro volume sozinho já é espetacular, esse consegue superar o primeiro volume em todo e qualquer aspecto.
O que existe de bom no volume 1 está melhor no volume 2. O que era excelente, continua excelente (se não está melhor também). O que me incomodou, inexiste aqui... Seria necessário buscar algum erro tipográfico ínfimo ou de impressão para destacar alguma coisa de negativo, porque, sinceramente eu não consigo.
Gridiron é brilhante, com uma história intensa que retrata o passado do vilão (?) do primeiro arco e o principal e mais importante bastardo sulista até o momento, e o faz de tal maneira que é impossível não vê-lo com outros olhos, não ver seu drama, sua história de superação e garra como um conto caucionário, uma daquelas histórias terríveis que podem acontecer a qualquer momento e com qualquer um (dada a repetição das circunstâncias), e o fato de expôr luz ao passado trágico de um personagem que até então era visto somente como um tremendo cretino (ao que vemos que, bem, ele é - isso não mudou - mas, mais que isso, ele SE TORNOU um cretino, e aqui está a história e os porquês).
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