Eu sei, eu sei. Tem gente que já está revirando os olhos por eu fazer um resenha lixo de um livro infantil, mas, por favor tenham um pouco mais de fé em mim.
E eu não assisti ao filme - que estava nos cinemas e apareceu agora para aluguel em vários dos serviços de streaming - então toda a minha opinião se baseia em um livro para crianças de 288 páginas (quase o dobro do primeiro livro de Paddington com 143 e o mesmo número de páginas que Roald Dahl usa para O Bom Gigante Amigo. No entanto, Peter Brown não é nenhum Roaldo Dahl.
Peter Brown tenta muito ser A A Milne de Ursinho Pooh, com comentários aqui e ali para incluir o leitor na narrativa, enquanto cria um mundo fantástico com animais falantes (que bem todo autor de livros infantis faz, então não é nada particularmente impressionante), mas ele faz algo que nenhum dos outros autores que eu li até hoje fez: Ele terminou o livro preparando uma continuação (é o método Marvel?).
Não que eu tenha lido os 80 capítulos com uma história sem o menor propósito além de prolooooooongar uma bobageira sobre um robô se adaptando para a natureza e falando como os animais (como um Dolittle ainda mais sem-graça que o de Downey Jr) para chegar ao final e concluir que o livro é ruim, longe disso, isso é só a cereja no topo do bolo.
Vejamos, a "história" traz uma robô (sim, ela tem gênero por algum motivo) que após um desastre com a embarcação que a carregava acaba parando numa ilha remota onde ela inicia seu funcionamento e tenta se adaptar sem sucesso por longos e tediosos capítulos até ela aprender a falar como os animais (cantar como os animais, sorrir como os animais!!!) e, acidentalmente mata uma família de gansos exceto um pequeno ovo que ela ajuda a chocar e cria como se fosse dela (sim, depois de aprender a viver na natureza ela agora aprende sobre maternidade e eu juro que essa é a versão resumida - eu nem falei dos ursos, lontras e todo tipo de animais e interações até agora) até que o ganso cresce e parte com um grupo para escapar do inverno enquanto os demais animais (e a robô) precisam buscar abrigo na ilha e formar uma grande e bela família.
Os gansos encontram uma fazenda onde um homem mata o líder do grupo e isso é o gatilho (sem trocadalho) para o ato final do livro em que um grupo de robôs de resgate vai para a ilha capturar a protagonista "Robô Selvagem" (e acabam destruindo e sendo destruídos no processo), enquanto o livro concluí com a protagonista aceitando o destino de 'ser resgatada' mas prometendo que voltaria para rever seu "filho".
E, vamos deixar claro, o problema não é que acontece tanta coisa, e o livro se prolonga com 80 capítulos em 288 páginas... É que acontece tanta coisa que não importa ou agrega qualquer coisa. Com metade das páginas contando a narrativa da robô se adaptando com a vida selvagem para perder isso com o 'resgate', pronto a história está ali com um conflito entre tecnologia e natureza (além de uma questão de programação contra livre arbítrio, que não vamos fingir que Peter Brown sequer cogitou).
O livro se prolooooooonga e os factóides que são relatados são bobos ou pouco interessantes, agregando nada.
Simplesmente não consigo imaginar uma criança se empolgando de ler o livro (e se for pouco mais velha não chegaria nem perto mesmo), e menos ainda a ideia de ler para uma criança o material. Nisso me pergunto, para quem é esse livro além do próprio autor?
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