2024 foi um ano de filmes fracos, decepcionantes e esquisitos não necessariamente nessa ordem ou intensidade (talvez 'muito fracos, extremamente decepcionantes e terrivelmente esquisitos').
E enquanto eu consigo entender a frustração do público (não muito, mas consigo) com Coringa ou Venom, a confusão com o estranhíssimo Megalópolis e mesmo a reação a coisas como O Corvo ou Borderlands... Eu honestamente não consigo entender Guerra Civil.
Ou melhor, eu não consigo entender a covardia de Guerra Civil. Droga, com 50 milhões de orçamento, com um elenco capitaneado por Wagner Moura e Kirsten Dunst e um tema que é interesasnte e tenso sobre a escalada do autoritarismo e violência política, bem, o que o filme faz? Bem, escolhe a solução mais covarde possível e parte para uma situação em que a escalada política não é o foco ou sequer relevante (mais ruído de cenário - inclusive ignorando completamente os motivos e os personagens responsáveis por essa escalada, começando pelo Caveira Laranja futuro presidente) porque efetivamente o filme prefere usar esse cenário para retratar a importância do jornalismo.
Eu não sei o quanto do filme eu perdi enquanto meus olhos reviravam ou inclusive estavam quase olhando para meu próprio cérebro do tanto que reviraram conforme a narrativa tentatva justificar a nobreza e importância do jornalismo em tirar fotos de um conflito (enquanto o filme ignora o cerne e os motivos desse conflito, inclusive com esses nobres jornalistas fingindo que manter um distanciamento e "objetividade" quando tem uma arma apontada para suas cabeças equivale a integridade jornalística).
Ah, mas o filme mostra violência e diversas cenas grotescas, isso não vale para alguma coisa? Quer dizer, além de ignorar ou mesmo declarar diretamente que os agentes da violência são calhordas fascistas e estão errados (porque, de novo, o jornalismo tem que ser imparcial e relatar os eventos sem julgamento de valor) e por outro lado meio que justificar ou mostrar que a culpa de todo o cenário é do presidente norte-americano fraco que não agiu para unificar o país com os fascistas formando milícias armadas para derrubar o país (e um presidente que pode até não ser a intenção do filme mas parece claramente com o atual presidente democrata estadunidense Biden).
Ou seja, a culpa da violência é da vítima que não tentou fazer as pazes com os agressores (argumento brilhante, Alex Garland, escritor e diretor do filme).
Droga, desenhos animados para o público infantil trazem argumentos mais complexos que isso (a Liga da Justiça Ilimitada fazia citações a Borges além de complexas reflexões sobre um estado vigilante) além de conclusões mais contundentes. Droga, o filme do Silvio Santos que é potencialmente o filme mais caça-níqueis do ano - lançado às pressas após a morte do apresentador na tentativa de capitalizar ao máximo com o evento (e eu nem ficaria surpreso se sequer tivessem terminado de escrever o roteiro até o minuto final de edição do filme) - até essa droga de filme é melhor, mais coeso e interessante que uma superprodução de Hollywood com um baita elenco!
Nota: Você não precisa de nenhuma Guerra Civil (ela alimenta os ricos enquanto enterra os pobres)...
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