Enquanto a capa do livro promete (ou anuncia) que o livro é uma mistura dos filmes de Jason Bourne (os bons, claro) com Hitchcock. É claro que não é a melhor analogia, afinal, a analogia mais correta não ajudaria muito a vender, não é mesmo?
O livro poderia facilmente ser descrito como um guri de quinze anos tentando resumir O Conde de Monte Cristo de Dumas enquanto mistura com Parker de Richard Stark, e, para não se entediar acrescenta alguns mamilos (polêmicos) e nudez gratuita para mostrar que ele não é somente um adolescente de quinze anos e sim um cara que já tem dois pelos no rosto.
Como disse, eu duvido que alguém publicaria isso na contracapa de um livro como recomendação, mas, é bem mais próximo da verdade que o material utilizado pelo pessoal de marketing.
E, sinceramente, esse(s) nem é(são) o(s) problema(s) maior do livro.
O grande problema de O Golpe é justamente que, bem, ele depende demais de algo que é incrivelmente estúpido e, quanto mais a trama avança menos sentido faz. Sim, sim, um ridícula MacGuffin que surge sob a forma de uma carta extremamente sigilosa e importante - que desperta interesse de diversas nações do mundo - ainda que estivesse arquivada de maneira torpe e pouco segura no porões da CIA. Porque afinal de contas é óbvio que uma agência de espionagem guarda tudo em seus porões secretos, junto com os recibos e as confissões assinadas pelos crimes de guerra cometidos... Assim como a arca da Aliança e a Jules Rimet.
Ah, mas existe uma reviravolta que... Não importa.
A base do texto é o jogo de espiões, e o fato que espiões veteranos e calejados entram nesse jogo por uma carta. Sim, uma maldita carta.
Claro, é idiota que o protagonista aprenda kung fu e capoeira em um ano numa cadeia - enquanto está na solitária ao lado do monge que provavelmente também treinou o Batman e o MacGyver - e que a policial durona (mas que age pela lei) se apaixone pelo protagonista, e que um personagem minúsculo (e completamente inútil) que aparece nas primeiras páginas do livro volte mais tarde porque ele descobre que foi enganado e seu relógio foi roubado. Ah, e tem uma espiã russa loira que, bem, é o clichê dos clichês de espiãs que vão fazer de tudo necessário para cumprir suas missões...
Qualquer reviravolta quando o texto é tão mal construído e estruturado no que ele deveria fazer de interessante torna tudo um exercício de frivolidade, e diminui o impacto da reviravolta. Ou seja, ela só funciona se todo o resto funcionar também.
Quando tudo vira ao redor de uma carta e uma trama rocambolesca que leva tempo demais para chegar a lugar algum e terminar meio no ar - como que deixando o caminho para uma continuação ou múltiplas - realmente é bem difícil que a história funcione. Ainda mais quando o autor acha importante produzir parágrafos como:
"Simon deu partida no carro e pisou no acelerador, descendo para a cidade. Subiu as janelas do carro e ligou o ar-condicionado. O motor engasgou e um sopro de ar quente saiu dos buracos do ar-condicionado. Ele esmurrou o console. Pelo menos conseguiu diminuir o fluxo do ar".
Todo um universo de informações relevantes que nos denotam características pivotais sobre o personagem e sua personalidade. Sem dúvidas, somente por esse parágrafo é possível fazer as mais diversas observações e dissecar o texto em milhares de teses e artigos.
Depois de tudo isso exposto, o que mais esperar?
É ruim, tosco e bastante dispensável. Se você quiser ler algo melhor tem as obras de Richard Parker (que são mais misóginas, no entanto) ou o Conde de Monte Cristo que além de tudo é um incomparável clássico da literatura. Ou mesmo, sei lá, as tirinhas do Garfield também...
Nota: 3,0/10
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