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26 de maio de 2018

{Resenhas} Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis

Não me lembro exatamente se li Machado durante minha adolescência ainda que me lembre de que para as aulas de literatura fosse discutido Dom Casmurro e a estrutura narrativa do autor...
Não sei dizer se efetivamente peguei algum dos livros, mesmo se foram requeridos como leitura obrigatória para o vestibular que prestei, mas recentemente me vi em meio a tantos elogios ao autor tentando finalmente descobrir sua obra.

Acabei comprando uma coleção muito bonita da Nova Fronteira com três volumes comprimindo todos os romances e alguns dos contos mais importantes, e, comecei pelo segundo volume que traz além da obra aqui resenhada, Quincas Borba e Dom Casmurro.

Sinceramente não foi uma experiência que me agradou em um primeiro momento... O argumento de Brás Cubas me soou tão enfadonho e o passar das páginas só reforçou isso.
O sujeito morreu e eis sua biografia, e, no entanto é um típico romance de época (com muito tempo gasto para justificar seu tórrido caso de amor visto com maus olhos pela sociedade), mas ao terminar o livro, bem, não é que eu comecei a repensar sobre o livro e ver algo nas entrelinhas...

Veja bem, posso estar incrivelmente enganado - mas acho que não, ao que o capítulo final parece concordar com esse argumento - Brás Cubas é um retrato do mauricinho filhinho de papai do século XVIII (mas, infelizmente que continua ainda um exemplo real e bastante vigente) do brasileiro, e mais que isso do político brasileiro.

Sim, isso mesmo POLÍTICO brasileiro. Brás Cubas relata sua biografia (enfadonha) na qual, apesar de protagonista é o personagem menos interessante, e que apesar de todos os privilégios e argumentos em seu favor (ainda jovem é enviado para estudar em Portugal, com o falecimento dos pais exclui totalmente a irmã da herança, sem qualquer esforço se vê deputado e diz e repete sua possibilidade e pretensão enquanto ministro), o personagem lista seu legado no capítulo final com uma enormidade de nãos.
Não se casou, não teve filhos, não foi ministro, não fez o emplasto...

Do que relata efetivamente, são vidas e mais vidas afetadas direta ou indiretamente pelo protagonista que tal qual um parasita vai sugando e extraindo de cada uma delas o que precisa até chegar à próxima.

Eu quase desisti do livro pela metade com o enfadonho romance de época que não andava ou desatava - mas isso também representa a ênfase desse comportamento errático do personagem. Por mais que manipule e afete a vida de Virgília e do Lobo Neves (e da Dona Plácida, porque não), Cubas segue em um romance vazio que sabe que nunca poderia dar em nada e o relata à exaustão sem que nele haja efetivo conteúdo.

Gasta-se um capítulo sobre um bilhete mas não se descreve um único dia de trabalho praticado pelo protagonista... E isso, somado ao capítulo final e se tem um retrato de uma classe vivendo de lustrar o ego sem efetivamente fazer algo digno de nota.
Em suma, o retrato da classe política brasileira.

Nota: 9,0/10

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