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8 de setembro de 2017

{Resenhas} Matadouro número 5 (1969)

Como começar a explicar Matadouro Número 5 (ou A Jornada das Crianças: Uma dança com a morte) de maneira simples?

Claro, é fácil citar as poucas linhas de 'Wish you were here' do Pink Floyd de 1975, com as frases 'Did you exchange, a walk-on part in the war for a lead role in a cage?' (Ou, "Você trocou, um papel secundário numa guerra para ser protagonista numa gaiola?") para resumir a obra, e, bem, é fácil até usar o restante da música como um paralelo para a obra de Vonnegut, mas não faz justiça à história de Billy Pilgrim.

Até porque o elemento de ficção científica do protagonista preso no tempo e espaço, viajando da Terra para o zoológico estelar em Tralfamadore retrata e reflete a condição de um homem lidando com estresse pós-traumático, servindo belamente para ilustrar a vida de alguém que perdeu completamente sua conexão com o mundo e o real após os horrores que vivenciou na guerra.

Em partes me parece autoral, afinal, Vonnegut passou por alguns maus bocados na segunda guerra mundial - e de lá saem muitas das cenas marcantes da passagem da destruição de Dresden, que, inclusive Vonnegut escreve em ainda mais detalhes em um conto publicado no livro Armagedom em Retrospecto, e, é essa parte de experiência pessoal extrapolada para compor e sobrepor os fatos para algo absurdo (com um pezinho na realidade) que constrói brilhantemente o mundo de Billy Pilgrim.

É um dos melhores e mais famosos livros do autor, e, não à toa - já adaptado para o cinema em 1972 numa parceria EUA/Alemanha e já foi publicado algumas vezes no Brasil, com uma versão da LPM pocket de 2005 (que se acha por menos de quinze reais com facilidade, inclusive no site da Saraiva).
Criativo, brilhante e com o tradicional humor negro para tecer o absurdo e dele extrair seu sumo com toda a crítica e comentário social que Vonnegut aproveita magistralmente.

Nota 10, com louvores.

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