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2 de março de 2017

{Resenhas de Quinta} Liberdade (abra as asas sobre nós) de Jonathan Franzen

Nota: 5,5/10
Depois de ler 'As Correções', eu realmente acho difícil recomendar Liberdade por uma série de motivos, ainda que não seja nem de longe um livro ruim, mas, francamente, eu recomendaria o primeiro que é muitas vezes superior.

É uma tentativa de recriar a fórmula do primeiro grande sucesso (história fragmentada de um grupo familiar e estruturada com capítulos semi-individuais enquanto construindo uma narrativa maior e que envolve a todos eles), só que, ao contrário de As Correções, Liberdade comete uma omissão terrível nessa fórmula/estrutura e com isso cria uma grande confusão e vácuo narrativo.

Não acho que seja spoiler explicar algo que não está em um material, mas se incomodar alguém, bem, pule esse parágrafo: O livro foca em vários personagens, mas omite a filha mais velha (Jessica) de seu próprio capítulo e de sua própria história (mais detalhada e não apenas linhas gerais), dando vazão e margem a interpretações confusas sobre sua personalidade semi-racional em meio ao caos de seu núcleo familiar (destrinchado nos outros capítulos).

E isso é algo que eu realmente não consegui entender... Principalmente enquanto o livro gasta tanto tempo recriando a trama de Chip de As Correções para Joey (mude Lituânia para Paraguai e existem bem mais coincidências que diferenças).
Sei que para quem não leu o primeiro pode parecer novidade (ainda mais com o contexto da guerra no Iraque) mas ainda assim, nem é a única trama que poderia receber menos foco (o famoso músico construtor de deques - com ênfase nessa parte de sua vida e não na de famoso músico) ao que no fim acaba estranho.

O que mais me incomodou, no entanto, é o quanto o livro estruturou em sua primeira parte - que é uma semi-auto-biografia da protagonista Patti - na estrutura de eventos de seu passado e que, é devastadora em uma sucessão de partes. O começo traz uma série de idiossincrasias da sociedade moderna americana (que combina bastante com as cerquinhas brancas que estampam a capa da versão da cia das letras) como o pai advogado e a mãe congressista de Patti e como eles acobertam um certo evento (sem spoilers) que se mostra bastante traumático na vida da personagem por motivos dúbios na melhor das interpretações.

Esse começo me deixou bastante empolgado para ver onde a história degringolaria, como esses eventos se contextualizariam e no que resultariam e, bem, para minha surpresa não é para grande coisa...
Eu esperava algo mais para Rashomon ou, em uma versão mais direta, o que Franzen fez em seu primeiro livro (com as tramas de cada personagem interlaçando umas as outras para um propósito comum) e o que eu cheguei aqui na última página do texto, francamente não chegou nem perto disso.
É um bom livro, na melhor das hipóteses, mas nada mais que isso (exagero enorme os 'melhor livro do ano' que recebeu de críticos, inclusive estampado pela própria Livraria Cultura com um selinho verde como o que está na imagem do post).

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