Deixe-me brincar um pouco com algo que muita gente deixa passar desapercebido: A iconografia.
Sim, ícones são figuras de fácil identificação que sintetizam de maneira clara e fácil tudo o que precisamos saber - sem efetivamente nos mostrar algo.
É aquele desenhosinho da raposa vermelha em um círculo azulado que indica que seu navegador é o Firefox, por exemplo, ou a imagem de uma pequena impressora indicando a função de impressão dos vários softwares.
Você vê e logo já entende, logo já identifica.
ESSA é a função da iconografia, e existe muito mais por trás disso que nós somos capazes de integralmente entender.
Sim, existe uma complexa e intrincada camada de marketing (para definir e criar as imagens, mas mais que isso criar as estratégias para difundi-las e usá-las), mas muitos e muitos casos correspondem exemplos de grande sorte e talento visual. Aqui estão dois exemplos que costumam passar batidos, os tradicionais vilões do Batman, Coringa e Charada.
(SEI BEM que muita gente vai torcer o nariz e dizer que na verdade o Coringa é o avesso do Batman e somente isso, mas essa é uma visão limitante e meio nula ao meu ponto de vista. O Batman tem em todos seus vilões um reflexo sombrio - de como ele seria se cruzasse uma linha, ou de como suas obsessões poderiam carregá-lo para o fundo do poço. E é importante que todos compartilhem um pouco disso, tenham esse tom trágico para que não pareça uma personagem de uma única nota, ainda mais considerando os mais de 75 anos de sua existência, mas enquanto o Coringa é caótico, bem, o Batman também é um pouco. Batman não tem vergonha de trapacear para chegar à vitória, não tem medo de improvisar conforme segue. São necessários tons e temperos diferentes, por isso, por favor, tenham um pouco de paciência).
(SEI BEM que muita gente vai torcer o nariz e dizer que na verdade o Coringa é o avesso do Batman e somente isso, mas essa é uma visão limitante e meio nula ao meu ponto de vista. O Batman tem em todos seus vilões um reflexo sombrio - de como ele seria se cruzasse uma linha, ou de como suas obsessões poderiam carregá-lo para o fundo do poço. E é importante que todos compartilhem um pouco disso, tenham esse tom trágico para que não pareça uma personagem de uma única nota, ainda mais considerando os mais de 75 anos de sua existência, mas enquanto o Coringa é caótico, bem, o Batman também é um pouco. Batman não tem vergonha de trapacear para chegar à vitória, não tem medo de improvisar conforme segue. São necessários tons e temperos diferentes, por isso, por favor, tenham um pouco de paciência).
Eu acho particularmente incrível o quanto eles são construídos para serem opostos polares um do outro, mas mais de uma maneira complementar como Yin e Yang. Veja como as cores de ambos são contrastantes (o verde do terno e roxo das luvas e camisa do Charada enquanto roxo no terno e verde nos sapatos e gravata - e cabelos - do Coringa), mas o estilo de seus ternos também reflete sua diferença de estilos.
O terno mais largo do palhaço do crime aliado a seus apetrechos dá um ar de confusão e anarquia que o personagem aspira e representa. Tudo nele tende a representar a argumentar 'caos' (a flor exagerada na lapela, o sorriso desconfortável, até doentio).
Por outro lado, o Charada tem um tom mais reservado, um terno que parece feito sob medida, justo a seu corpo. Quase elegante (tom reforçado por seu chapéu e a bengala), quase um lorde. Seu estilo reflete essa postura da qual o personagem é determinado de ordem e precisão. Até seu sorriso é mais contido, mais irônico, num tom quase sério (ainda que jocoso). Como disse, ele é contido enquanto o Coringa é espalhafatoso.
Isso se reflete nas atitudes e comportamento de ambos. No 'modus operandi', se permitir gastar meu latim.
Enquanto os planos do Coringa tendem a um comportamento anárquico e absurdo - sem seguir regras ou lógica, improvisando conforme avança - os planos do Charada são sempre claros e estruturados num conjunto de paradigmas que ele precisa seguir (ele PRECISA informar uma pista para seu próximo crime, e ela PRECISA ser verdadeira; ele PRECISA oferecer chances ao Cavaleiro das Trevas, caso contrário sua vitória não teria sabor).
Cada um busca um objetivo próprio (O Charada está mais para Moriarty, buscando um rival ao seu intelecto, enquanto pro Coringa também busca um rival para sua insanidade, para seu absurdo - algo que, de certa forma dê sentido à sua irracionalidade).
Isso se reflete nas atitudes e comportamento de ambos. No 'modus operandi', se permitir gastar meu latim.
Enquanto os planos do Coringa tendem a um comportamento anárquico e absurdo - sem seguir regras ou lógica, improvisando conforme avança - os planos do Charada são sempre claros e estruturados num conjunto de paradigmas que ele precisa seguir (ele PRECISA informar uma pista para seu próximo crime, e ela PRECISA ser verdadeira; ele PRECISA oferecer chances ao Cavaleiro das Trevas, caso contrário sua vitória não teria sabor).
Cada um busca um objetivo próprio (O Charada está mais para Moriarty, buscando um rival ao seu intelecto, enquanto pro Coringa também busca um rival para sua insanidade, para seu absurdo - algo que, de certa forma dê sentido à sua irracionalidade).
Ambos anseiam pela derrota de certa forma (até porque isso permite a repetição do jogo - que é como eles vêem a situação toda), por mais que existam versões diferentes e encarnações e representações variadas de cada persona.
Mas, em linhas gerais, o Coringa se tornou mais violento (assassinou Jason Todd e aleijou Bárbara Gordon) enquanto o Charada se tornou mais estúpido (foi derrotado pelo Questão pelo papo zen mais furado que os anos 80 poderiam produzir). Isso tem alguns motivos que pra mim parecem claros (as noções anárquicas tem um que de popularidade entre os adolescentes - que são o pão e manteiga do público alvo da indústria dos quadrinhos; também é mais fácil escrever o Coringa já que é só escrever qualquer coisa e todo absurdo casa - "Ei, ele é caótico!" - enquanto, efetivamente escrever algo mais cerebral é mais difícil).
De toda forma os personagens mudaram com o tempo mas continuam sua estrutura básica (o Coringa expansivo, insano e absurdo enquanto o Charada segue à risca seus planos - cuidadosamente antecipados passo a passo - contido, meticuloso e perfeccionista).
Ordem e caos. Absurdo e lógica. Dois lados da mesma moeda.
Mas, em linhas gerais, o Coringa se tornou mais violento (assassinou Jason Todd e aleijou Bárbara Gordon) enquanto o Charada se tornou mais estúpido (foi derrotado pelo Questão pelo papo zen mais furado que os anos 80 poderiam produzir). Isso tem alguns motivos que pra mim parecem claros (as noções anárquicas tem um que de popularidade entre os adolescentes - que são o pão e manteiga do público alvo da indústria dos quadrinhos; também é mais fácil escrever o Coringa já que é só escrever qualquer coisa e todo absurdo casa - "Ei, ele é caótico!" - enquanto, efetivamente escrever algo mais cerebral é mais difícil).
De toda forma os personagens mudaram com o tempo mas continuam sua estrutura básica (o Coringa expansivo, insano e absurdo enquanto o Charada segue à risca seus planos - cuidadosamente antecipados passo a passo - contido, meticuloso e perfeccionista).
Ordem e caos. Absurdo e lógica. Dois lados da mesma moeda.
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