Como TS Elliot diz num de seus mais famosos poemas - Os Homens Vazios (The Hollow Men) que casa brilhantemente com o tom da série, principalmente seu protagonista Don Draper - "Essa é a forma como o mundo termina; Não com uma explosão mas com um lamento".
E esse é o tom geral desse final de série, que, como tantos outros finais de temporada, tendiam a uma grande reviravolta ou algo espetacular e que nos explodiria a cabeça - como algumas das teorias que circulam na web que Draper seria uma das mais enigmáticas figuras do século XX, D B Cooper, que assaltou um avião em pleno voo e pulou de pára-quedas (!) - mas no fim tudo fluiu calma e delicadamente, com toda a naturalidade do passar dos anos.
Talvez nem todos concordem comigo nisso, mas eu achei esse final ousado ao tentar isso, ao tentar um 'não-fim', sem conclusões, sem efetivo senso de finalidade, além de que a década de 60 fica para trás, e, com isso aquela sensação inerente de fim de uma era, e é esse o grande e peculiar fato curioso da série: A forma como ela retratou um dos períodos de maiores mudanças na história recente (e que são sentidas nas transições da agência de publicidade da primeira à última temporada).
As mudanças não causam impactos imediatos... Não transforam radicalmente a vida e as reflexões das pessoas.
Alguns abandonam tudo, outros perseveram em carreiras que deploram pelo simples motivo de gerar renda... Mad Men retrata a vida, através da lente da publicidade (que produz uma realidade diferente e irreal, mais empetecada, perfumada e atraente mas nada lógica) e como essa área triunfou sob períodos turbulentos.
Pra mim, existe um tom meio novelesco ao final com algumas cenas de comercial de margarina com os casais 'perfeitos' que se formam nessa reta final do seriado, mas não tira o mérito do genial monólogo durante a sessão de terapia em grupo, numa cena espetacular que carrega um peso enorme, ainda mais em contraste com o 'pós-crédito' da canção da Coca-Cola após o fim dos eventos da série.
É um tipo de coisa que só Mad Men conseguiu fazer com tamanha qualidade, o tom certo de simbolismo e sagacidade, que só posso dizer: Fará falta.
Nota: 9,0/10.The Flash - S1E23 Fast Enough - Final de temporada
Se você me perguntar se eu assisti todos os episódios dessa temporada do Flash, eu tenho de admitir que não me lembro.
Não sei o que aconteceu em vários dos episódios SE ou não eu assisti. Sei que teve o Gorila Grodd feito com um CGI sem vergonha e que o Capitão Frio pôs "Cold as Ice" do Foreigner em uma jukebox numa das cenas, fora isso eu lembro de uma coisa ou outra (tá, o Mark Hammil eu lembro) que formam mais ou menos a trama do Flash pós-Geoff Johns (o Flash Reverso volta no tempo, mata a mãe do Barry Allen - deixando o pai como principal suspeito, cumprindo pena pelo crime) e eu até destaco com um sublinhado esse parênteses porque é tudo que você precisa entender pra assistir qualquer episódio dessa temporada do Flash, a qualquer momento.
Só que a grande sacada desse final de temporada, e é o que realmente me intrigou - principalmente pela qualidade do roteiro e execução - é... Bem, e se você tivesse o poder para consertar tudo isso?
Se você pudesse voltar no tempo e corrigir um dos piores momentos de sua vida - mesmo que os riscos sejam tremendos e catastróficos - o que você faria?
E esse é o tom de um dos melhores episódios de, bem, qualquer seriado que eu vi em um bom tempo (!) carregando emoção sem ser piegas ou estúpido, e conduzindo a trama para sua conclusão lógica além de trazer promessas interessantíssimas para a próxima temporada (ou não... Por mim podiam terminar aqui que estava ótimo).
Nota: 9,8/10
Injection #1 (Image Comics, US$2,99, 24 páginas; Roteiro de Warren Ellis, Arte de Jordie Bellaire e Declan Shalvey)
Como explicar Injection com apenas uma palavra? FODA.
A arte é foda, o roteiro é foda, o conceito é foda...
Ellis tava precisando de espaço pra uma nova série autoral e ele começa com tudo nesse primeiro capítulo, mostrando que consegue escrever uma série inteligente, provocante, com o tom intrigante e perturbador que fará qualquer leitor esperando pela próxima edição.
E é fácil enumerar as sacadas brilhantes - que obviamente serão trabalhadas nas edições vindouras, como os sobrenomes famosos dos membros do grupo de Maria Kilbride (nome de um pequeno condado escocês onde está um sítio arqueológico) ao cadenciado fluxo da série, oferecendo pistas e pistas falsas com igual proporção sem se importar que o leitor forme toda a imagem claramente.
O que mais dá pra dizer? É o motivo pelo qual eu leio quadrinhos.
Nota 10.
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