Crédito onde o crédito é merecido: Elenco estelar (e sumariamente bem utilizado) com um diretor que realmente sabe montar cenas de ação.
Matthew Vaughn pode ter milhões de defeitos (e esse filme expõem uma boa parte deles, como o humor pueril, a execução porca do roteiro na composição das sequências entre outros), mas quando o cara foca numa única cena... O que se pode dizer de negativo?
A primeira cena de ação, espetacular. A segunda, eu não consegui piscar!
A terceira eu fiquei sem fôlego...
O cara é bom nisso, o que eu vou falar de diferente?
Precisa de alguém pra dirigir uma cena de ação (e não se prenda a detalhes ou absurdos)? Chame Matthew Vaughn. PONTO.
Só que chame um roteirista também e um contínuo, porque o que sobra nas cenas de ação, falta (e muito) no contexto geral da história, e muita coisa parece solta, desconexa e sem muito propósito no que a trama se propõe, com algumas passagens de tempo que não fluem naturalmente e outras transições que não encaixam, e acaba como um arremedo de história... Mesmo que haja aqui um pouco de crédito para Mark Millar nessa fronte (afinal ele escreveu o arremedo de história em quadrinhos que inspirou o filme).
Explico: O tão importante grupo do título do filme (Kingsman) surge na primeira guerra mundial e é uma organização particular de espionagem sem vínculo com nenhum governo ou agência governamental. Ah, e é importante frisar que o nome vem, efetivamente, da alfaiataria que produz os ternos e outras ferramentas bondnianas que eles incorporam.
Fora que por algum motivo eles tem um fetiche Arthuriano ao que todos os agentes tem títulos derivados de personagens das lendas do Rei Arthur...
E nada disso é, nem desenvolvido, nem cultivado a um ponto de fazer sentido. Só está lá como se fosse coerente ou irrelevante - mas tudo isso constitui vários dos elementos, e pontos relevantes do filme.
A loja de roupas não é exclusiva aos agentes ou apenas um negócio de fachada... Qualquer um (obviamente com dinheiro) pode entrar e transitar por uma das lojas da marca! E o mesmo vale para a condição arthuriana...
Sim, há alguma relação ao fato de ser tão britânico quanto se pode ser, mas... Porque?
Como ou quando se estabeleceu essa forma, a estrutura a diferença entre cada codinome (ou seria patente?) e mais importante, a quantidade de agentes disposta pelo preceito arthuriano...? Cada lenda trabalha com uma quantidade diferente de papéis distribuídos, com um número diferente de cavaleiros... Muitos dos quais nunca tiveram um nome propriamente dito (afinal, todos tem o mesmo valor na corte de Camelot, mas nem todos tem uma história ou lenda).
Sei que parece arbitrário e ranhetice, mas a questão é que perde um pouco do propósito da estrutura de uma organização militar, que os filmes de Bond fazem brilhantemente com sua estrutura de patentes (nomes como M ou Q ou mesmo os títulos dos agentes que determinam sua capacidade e classe no campo, 006 foi escolhido antes do 007 e tem mais tempo de campo e por aí vai), e aqui parece insano.
E conforme a trama avança e mais e mais camadas de maluquice são acrescentadas (ei, porque a gente não incorpora Jogos Vorazes como o sistema de seleção de novos agentes secretos?) que vai ficando difícil defender o que há de positivo conforme a trama se perde correndo atrás do próprio rabo para se justificar.
Acaba como um filme que eu acharia muito foda se eu tivesse 17 anos hoje... Minto. Doze.
Mas é bem divertido, tenho que admitir.
Boas cenas de ação, algumas bem inusitadas, e qualquer desculpa para ouvir Free Bird é uma boa desculpa para ouvir Free Bird.
Nota 6,5/10.
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