Antes de mais nada, não, eu não assisti a nenhum dos episódios do seriado, isso é meramente especulativo e mais um momento total e intrinsicamente vidente, como já fiz alguns meses atrás sobre os novos Star Wars.
Dessa vez esperei mais para fazer o pitaco (a série estreia em alguns dias apenas), e acho que o grande motivo para a expectativa reside no fato que há uma corrente constante e crescente ao fazer parecer que é o novo The Wire ou ao menos O Cavaleiro das Trevas se fosse feito para tv.
E por favor, eu ADORO o Demolidor (ei não acredite nesse texto apenas, o blog tem um bocado de posts sobre ele - como esse de 2013, ou essa de 2014, ou a mais recente uma crítica ao uso do personagem e uma resenha da única série da Marvel que atualmente leio regularmente), e como eu mesmo disse em janeiro, "(...)A série serviu inclusive como um fabuloso celeiro da editora para desenvolver e apresentar novos talentos, servindo como base para algumas das mais profundas mudanças no mercado de quadrinhos americanos - maior qualidade nos roteiros, histórias mais longas, conteúdo e temas maduros, conduzidos sem soluções mirabolantes e respeitando a inteligência do leitor (...)"
Então porque tenho um pé atrás?
Primeiro porque o Netflix não fez nada que tenha me deixado dignamente embasbacado até agora.
Sim, sim, alguns materiais são bons, alguma coisa é legal, mas até agora nada digno de assistir ficar à beira do sofá roendo as unhas em desespero nos segundos finais do episódio (como com Breaking Bad ou The Wire).
Digo isso sem a menor vergonha e medo de repreensões.
House of Cards (que eu resenhei quase um ano atrás) é o trabalho de um grande ator com um roteiro inconstante, Arrested Development foi uma piada de mau gosto (qualé, nem os atores levaram a sério a tal quarta temporada! com metade do material filmado com tela verde) e a redentora Orange is the new black é, bem, apenas boa. Não é excelente, não é a reinvenção do gênero ou a maior e mais brilhante comédia (seja com elenco prioritariamente feminino ou não). Acaba ganhando mais destaque pela ausência de concorrência no gênero (quantas boas comédias estão no ar hoje?).
Sim, sim, histórico não é garantia nem de qualidade ou falta de.
E enquanto tudo mostrado até agora promete uma versão interessante/bem feita - olhe o cartaz, os trailers, tudo com muito respeito ao material original - não vi nada que mostre algo excepcional.
Quer dizer, é bem correto e empolgante, promete uma adaptação bem interessante dos quadrinhos (em algo bem melhor que o filme com Ben Affleck), mas é Daredevil Begins... E isso eu já vi.
Não só no filme do Nolan para o Batman como na primeira temporada de Arrow (e aqui ainda funciona melhor pelo humor interno sobre o Arqueiro Verde ser uma cópia inferior do Batman).
Tá, tá, a Marvel não fez isso antes, e pode funcionar com o Demolidor e blá-blá-blá...
Mas ainda não muda que isso já foi feito e que não é novo.
E isso inclusive é algo preocupante para o Demolidor.
Ao contrário do Batman ou do Arqueiro Verde, ele é um personagem intrinsecamente complexo e envolto numa necessidade, quase que desde o início, de uma maior percepção aos absurdos.
Mais que isso são os absurdos que o compõe e não o 'real' e 'fincado na realidade' que é o que define a atmosfera dos filmes do Nolan (que são 'como seria um vigilante como Batman no mundo real).
Ele é um homem cego que, não apenas combate o crime, como mantém uma identidade secreta como um dos advogados mais badalados (e reconhecidos, afinal defende gente como o Quarteto Fantástico e até os Vingadores nos quadrinhos), e mais que isso que tem de lidar com um turbilhão absurdo de conflitos internos:
- enquanto advogado público ele várias vezes precisa defender vilões que ele mesmo prendeu como Demolidor (como em casos mais notórios em que, para disfarçar a identidade secreta defende o próprio Rei do Crime, que sabia da identidade secreta do vigilante); Ah, e não esqueça que ele é um ninja, treinado para se esgueirar pelas sombras e que usa um uniforme chamativo (originalmente ainda pior, com mangas e calças amarelas);
- enquanto católico devoto ele se veste como um demônio - e nessa mesma nota, enquanto um demônio ele varre a cidade fazendo o bem;
- enquanto vigilante, fazendo justiça com as próprias mãos ele se digladia com outros vigilantes que fazem a justiça com as próprias mãos como o Justiceiro, por não concordar com os métodos do segundo (ainda que, deixemos claro, ele é um advogado que, tanto utiliza seus recursos ilegais como Demolidor para manipular seus casos como teve de agir em defesa de criminosos, devolvendo-os para as ruas); Na mesma nota, enquanto ele tenta se levar a sério, ele combate criminosos como o Metalóide (nem pergunte) ou o Sapo (imagem ao lado).
O que estou tentando dizer, é que o personagem tem um tom mais amplo, e um tom que demanda uma visão mais louca e menos 'realista'.
É uma aposta (baseada no que vi de trailers, reviews e material de bastidores). O Demolidor tem que ser sério, mas precisa de mais espaço para maluquice para ser legal, caso contrário é só um clone do Batman, e com o original ainda produzindo material bom (Arkham Knight sai esse ano ainda) e o Demolidor merecendo muito mais... Não consigo ver como possa ser essa coca-cola toda.
Sexta-feira saberemos!
Quer dizer, é bem correto e empolgante, promete uma adaptação bem interessante dos quadrinhos (em algo bem melhor que o filme com Ben Affleck), mas é Daredevil Begins... E isso eu já vi.
Não só no filme do Nolan para o Batman como na primeira temporada de Arrow (e aqui ainda funciona melhor pelo humor interno sobre o Arqueiro Verde ser uma cópia inferior do Batman).
Tá, tá, a Marvel não fez isso antes, e pode funcionar com o Demolidor e blá-blá-blá...
Mas ainda não muda que isso já foi feito e que não é novo.
E isso inclusive é algo preocupante para o Demolidor.
Ao contrário do Batman ou do Arqueiro Verde, ele é um personagem intrinsecamente complexo e envolto numa necessidade, quase que desde o início, de uma maior percepção aos absurdos.
Mais que isso são os absurdos que o compõe e não o 'real' e 'fincado na realidade' que é o que define a atmosfera dos filmes do Nolan (que são 'como seria um vigilante como Batman no mundo real).
Ele é um homem cego que, não apenas combate o crime, como mantém uma identidade secreta como um dos advogados mais badalados (e reconhecidos, afinal defende gente como o Quarteto Fantástico e até os Vingadores nos quadrinhos), e mais que isso que tem de lidar com um turbilhão absurdo de conflitos internos:
- enquanto advogado público ele várias vezes precisa defender vilões que ele mesmo prendeu como Demolidor (como em casos mais notórios em que, para disfarçar a identidade secreta defende o próprio Rei do Crime, que sabia da identidade secreta do vigilante); Ah, e não esqueça que ele é um ninja, treinado para se esgueirar pelas sombras e que usa um uniforme chamativo (originalmente ainda pior, com mangas e calças amarelas);
- enquanto católico devoto ele se veste como um demônio - e nessa mesma nota, enquanto um demônio ele varre a cidade fazendo o bem;
- enquanto vigilante, fazendo justiça com as próprias mãos ele se digladia com outros vigilantes que fazem a justiça com as próprias mãos como o Justiceiro, por não concordar com os métodos do segundo (ainda que, deixemos claro, ele é um advogado que, tanto utiliza seus recursos ilegais como Demolidor para manipular seus casos como teve de agir em defesa de criminosos, devolvendo-os para as ruas); Na mesma nota, enquanto ele tenta se levar a sério, ele combate criminosos como o Metalóide (nem pergunte) ou o Sapo (imagem ao lado).
O que estou tentando dizer, é que o personagem tem um tom mais amplo, e um tom que demanda uma visão mais louca e menos 'realista'.
É uma aposta (baseada no que vi de trailers, reviews e material de bastidores). O Demolidor tem que ser sério, mas precisa de mais espaço para maluquice para ser legal, caso contrário é só um clone do Batman, e com o original ainda produzindo material bom (Arkham Knight sai esse ano ainda) e o Demolidor merecendo muito mais... Não consigo ver como possa ser essa coca-cola toda.
Sexta-feira saberemos!
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