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18 de março de 2015

Meu precioso dinheirinho


Durante a minha adolescência, enquanto alguns de meus amigos discutiam os filmes (e livros) de Tolkien, eu lia Platão e outros autores de filosofia. Passei boa parte de meus anos de adolescente nessa pegada - que hoje devo admitir mais auto-indulgente para formar uma imagem de que eu era mais inteligente que de fato sou com o bom e velho 'olhem pra mim, estou lendo esse material incrivelmente complexo, u-hu!'.

Passados meus quinze anos, eu comecei a expandir mais meus horizontes literários com um Saramago aqui, um Orwell ali e foi o período em que eu realmente ingressei nos quadrinhos e ficção científica, principalmente Asimov.
Mesmo assim, com dinheiro e condições para ler os livros de Tolkien, nunca me veio o interesse.
Assisti os filmes de O Senhor dos Anéis de Peter Jackson com algum fascínio e interesse, mas longe de render qualquer necessidade de revisitar o material, ao ponto que não me lembro de ter assistido qualquer um dos três filmes mais de uma vez (e confesso que ao menos dois deles eu não assisti nem ao menos uma vez inteira de cabo a rabo sem um cochilo).

Quando ouvi que O Hobbit seria produzido, como é de se imaginar, a empolgação foi nula - ao ponto que não assisti nenhum dos três nos cinemas, e só fui ver agora na tv os dois primeiros, sendo que ambos eu abri mão de consideráveis parcelas do filme ao me concentrar em outras coisas enquanto o filme passava. Não sei se nenhum dos dois é realmente interessante, ainda que confesso que o segundo, principalmente as cenas com o dragão Smaug são o grande chamariz para o filme e um belo espetáculo visual. Com poucas exceções, as cenas com interações do dragão construído digitalmente com os atores funciona organicamente e não parece truncado ou falso (quer dizer, mais falso que um dragão conversando com um anão guerreiro deveria parecer).

Com a diferença que, quando os primeiros rumores dos filmes começaram, eu desenvolvi o interesse pelo livro. Não sei exatamente o que foi, mas acho que foi quando Peter Jackson disse que pretendia lançar em três filmes o livro, que tem pouco mais de trezentas páginas na maioria das versões (320 da que eu comprei - bem menos que por exemplo Vício Inerente com suas 465 páginas adaptado em um único filme de duas horas e vinte, contra os três de Peter Jackson que tem três horas os dois primeiros e o último, pouco mais curto, tem a duração igual a Vício Inerente, duas horas e vinte minutos).

É um livro com uma toada infantil, como Alice no País das Maravilhas ou similares, inclusive com a grande lição de moral, de que a ganância não é uma coisa boa, ao contrário que é uma força destrutiva, perigosa e seus efeitos negativos nas pessoas (afinal além do monstro literal na forma do dragão, ela torna alguns dos personagens em monstros igualmente), e me parece uma dádiva aos deuses da ironia como a grande lição de moral parece se perder à condição do estúdio produzindo esses filmes.

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