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15 de fevereiro de 2015

[ECOnomia} Um modelo sustentável (?) de negócios

Continuando o post da semana passada (lembra? http://macacosdigitando.blogspot.com.br/2015/02/economia-um-modelo-sustentavel-de.html) chegamos a problemática do youtube como gerador de conteúdo (ainda que seja efetivamente a internet, mas a ideia geral é a mesma).

A geração de conteúdo para internet hoje é altamente derivativa - e de baixa qualidade - por um fator limitante que é a ausência de incentivos financeiros para produzir conteúdo.
Isso é bom.
Não existindo garantia de retorno de investimentos, ninguém fará gastos multibilionários para produzir conteúdo, não haverá um material excepcionalmente caro ou com grande investimento de produção - o que pode até existir, como um produtor amador que utiliza seu tempo livre para fazer para produzir CGI como testes para seu portifólio.
Isso limita por baixo de maneria que o material continua livre para quem tiver interesse de fazer, e assim portanto o faz.

O grande empecilho dessa condição mercadológica reside 1) na inconsistência dos materiais (imprevisibilidade na geração de conteúdo, qualidade inconstante) e 2) o constante amadorismo que invariavelmente impedirá a mídia de crescer ali (tendendo a migrar para outros caminhos como financiamentos coletivos para subsidiar seus outros projetos).

Por outro lado, a problemática ambiental aqui entra mais em voga com a possibilidade maior do número de geradores de conteúdo, com cada vez mais gente trabalhando para produzir material, cada vez mais o material se tornará obsoleto, e portanto, resíduos existirão.
Resíduos que até então eram mínimos e limitados - como de filmadoras e câmeras - agora se aglomeram e multiplicam aos montes conforme novos produtores providenciam mais e melhores equipamentos para a geração de seu conteúdo. Não apenas isso, uma vez que quem 'trabalha' produzindo vídeos precisa manter-se atualizado, portanto precisa sempre comprar os equipamentos mais novos (por exemplo para fazer uma resenha do novíssimo modelo de Iphone ou do último jogo terrível pro PS4), e até porque uma parte de conteúdo disponível na web é o de vídeos de 'unboxing' (que é justamente o ato de tirar algo de dentro duma caixa).

Portanto, os resíduos não são isentos nessa produção de entretenimento, ainda que possam gerar menos impacto e em menor escala que outros tipos de mídia.

Mas ainda existe um fator preponderante: O fator público.
Ainda que esse seja o fator mais imprevisível e difícil de determinar, o público é parte preponderante e imprescindível a esse tipo de situação (são as views que determinam o pagamento de salários no youtube). Hoje vivemos de uma maneira e estrutura que nos possibilita o acesso online tão indiscriminado.
Horas de trânsito, dias estressantes e cansativos, filas de espera para outras filas de espera (em mercados, em consultórios médicos, em bancos...), tudo o que precisamos fazer é tardio e demorado, e com o acesso irrestrito à internet, é o que precisamos para escapar por alguns instantes e fugir de situação tão tenebrosa...
Só que isso em si é uma situação insustentável. Essa situação estressante e cansativa, isso está destruindo aos poucos a sociedade e nos aproximando cada vez mais do caos (vide a crescente de atos violentos desmedidos, seja no trânsito, no ambiente de trabalho, na escola...) além de uma situação tipicamente insalubre com os diversos problemas de saúde da já obesa sociedade moderna.

Resumindo: A coisa toda para funcionar depende de milhares de acessos para rentabilizar (ou chamar a atenção de algum investidor), e para que isso funcione, depende de que exista essa condição de desequilibrio em que vivemos da sociedade.
Ela se mantém e se perpetuará enquanto estiver nessa condição insustentável.

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