Jornalismo irresponsável |
Quando comecei a escrever sobre a atrocidade ocorrida na França durante a semana que passou, eu comecei todo orgulhoso com a frase que pulula na internet em que, por solidariedade, fãs, amigos e outros membros da imprensa admitem que também são Charlie (Je suis Charlie).
A verdade é que sou um covarde (ao ponto que eu mesmo me auto censurei em algumas ocasiões para não escrever sobre tópicos espinhosos ou gente 'processadeira' como o juiz que se acha deus), e perto dos caras da Charlie Hebdo então? Porra, perto deles eu sou o Leão de O Mágico de Oz...
Não, não... Eu não sou Charlie, mas bem como eu queria.
Como eu queria ter essa coragem e falta de vergonha na cara de não só apontar o dedo pra ferida como cutucar e jogar álcool em cima como a Hebdo tanto e tão brilhantemente fez - e digo mais, ainda fará. E eu ainda tenho um enorme débito ao nunca falar antes, em meio a tantos 'grandes clássicos' e tantos quadrinhos que admiro, em meio a tanta coisa que comentei aqui no blog, foi necessário dois imbecis para que eu viesse a citar a revista. Uma pena que seja necessária uma tragédia para ver - e em alguns casos inclusive conhecer - a ousadia e o talento dos artistas do jornal.
Sutileza nunca foi marca da Hebdo (quando Michael Jackson morreu estampava na capa 'Enfim branco') e o desrespeito com as instituições sempre foi carro chefe (o conclave da igreja católica reunido em uma orgia homossexual ou a sugestão da igreja lidar a pedofilia tal qual fez Roman Polanski) mas a verdade é que a coragem destes senhores não é apenas um exemplo como realmente invejável, afinal, clamar em meio a ameaças que é preferível a morte à censura, é para poucos.
Não gastarei espaço para falar mal do oportunismo nesse momento, não quero eu também parecer ou ser um. Farei minha singela homenagem, no entanto.
Uma vez por mês, o já tradicional 'Filosofia de segunda', dará espaço para 'Je suis Charlie (au moins pour un jour)' ou "Eu sou Charlie (pelo menos por um dia)", com espaço para capas e charges do periódico.
Que ao menos nos sirva de exemplo.
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