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7 de janeiro de 2015

A última de 2014.

Se existe uma coisa pela qual 2014 deve ser lembrado, e talvez mais que 2014 essa década toda que vivemos, seja o alarmismo.
A não notícia que vira matéria de capa, a denúncia que vira reportagem investigativa e o texto infundado e imbecilizado que vira pauta.

Desde antes de 2014 ouvia-se o 'não vai ter Copa' ecoando como se um evento dessa magnitude no Brasil fosse de tamanho absurdo que só de imaginar um coletivo de anjos estaria se debatendo nos céus. Foi capa da Veja, foi capa da época, teve espaço pra piadinha do Jimmy Fallon sobre como os estádios não estavam prontos faltando semanas... E no fim tudo deu certo, não deu?
Recordes de arrecadação, recordes de público, os estádios estão lindos, o povo foi civilizado - e até curiosamente a polícia foi eficiente!

Com a eleição, como era de se esperar, o alarmismo ecoou e reverberou a mil. Reverberaram absurdos e calhordices de nível que não deveríamos esperar nem dos mais apalarmados seres desse planeta, mas vimos. Vimos gente protestando pela volta da ditadura militar. E é verdade que é meia dúzia, mas ainda é meia dúzia mais de gente fazendo petição por uma nova turnê do Queen...

Muita coisa passou batido e não teve a repercussão que deveria.
Escândalo da Petrobras? Paulo Francis cantou a bola em meados de 1996 (quase vinte anos atrás), e pra quem sabe dos meandros, já se diz que os esquemas citados existem desde de muito antes de Francis falar qualquer coisa. Mas a população geral do sudeste (e portanto a mídia que se volta a estes) foca no arremedo de ligação entre o governo atual e este denuncismo.

Os relatórios da comissão da verdade e os horrores da nossa ditadura - que há quem ainda chame de 'branda'? O grito surdo desesperado do brilhante Robin Willians (e o que deveríamos aprender e discutir sobre o suicídio)? Os fascinantes avanços científicos como a missão Rosetta, o sucesso do projeto Cbers-4 (a parceria entre China e Brasil na tecnologia de satélites, que tão pouco se fala e comenta...)? Que importam? Queremos saber o que o doleiro preso que abate anos de sua pena tem a dizer na delação premiada! Queremos saber o que aconteceu com a idiota miss bumbum que faz de tudo pra estar na mídia! Queremos manipulação barata e sentimentalóide que alguns 'jornalistas' chamam de editorial outros vão além e chamam de notícia! Queremos mais um BBB!


Se 2014 tem de nos deixar alguma lição é a do choque para fugir do estado de torpor da negação.

Não foi um apagão que proporcionou a acachapante derrota por 7 x 1, nem foi por acaso que os estádios ficaram prontos. Tudo é uma soma de ações e conseqüências.
Que nos lembremos disso agora em 2015.

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