Se existe um equivalente a um chute nos bagos em forma cinematográfica, está aí ao lado: 12 Anos de Escravidão (ou 12 anos um escravo). Confesso que agradeci não ir ao cinema assistir, porque se eu tivesse que perdurar cada cena de castigo físico e tortura - sem poder passar pra frente - eu não acho que teria estômago pra chegar ao final do filme. E olha que eu tive que parar duas vezes para esticar as pernas e tomar um pouco de ar...
Há algo kafkaesco, como em "O Processo", só que com um tom diferente, afinal se baseia em fatos e não em meras conjecturas. É igualmente assustador como o livro - uma prisão injustamente praticada, suspendendo automaticamente a qualquer direito e liberdade da vítima...
E em partes chega a lembrar o trabalho de Pier Paolo Pasolini (de Saló - 120 dias de Sodoma), é pesado, extremamente gráfico e a impressão que fica ao espectador não é nada agradável.
Mas existe um motivo, não é mesmo?
Afinal não existe nada de agradável na escravidão e menos ainda naquelas pessoas que se aproveitaram desse fato, e nisso o filme mostra de maneira realmente visceral o quanto AINDA ignoramos as chagas de um crime que perdurou séculos e ainda de diversas maneiras fustiga a sociedade moderna.
É o tipo de reflexão que a sociedade moderna ainda precisa se fazer, e sem dúvidas o talento do excelente diretor e seu respectivo elenco merecem o reconhecimento na cerimônia do Oscar no domingo próximo. (apesar de que é bem possível que não atinja metade do público da produção de Quentin Tarantino sobre escravidão, o faroeste pipoca estupidificante Django Livre), e sem dúvidas o melhor filme do ano (até por ser tão indigesto), afinal reforça algo que o cinema de hollywood muitas vezes parece se esquecer: De provocar seu público.
Provocar reações, questionamentos, indignação (porque não?) e não apenas produzir efeitos especiais bonitinhos num filme maçante (Gravidade?)...

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