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17 de agosto de 2013

EDITORIAL> Um problema de marketing (O caso Playboy)

Já faz algum tempo que assisti a entrevista de J R Duran (que apesar de tudo que faz, sempre será conhecido como o fotógrafo da revista Playboy) para o Roda Viva, e, entre outras provocações e questionamentos, ele levantou a bandeira sobre o problema de direcionamento e vendas que a revista vem encontrando.

Eu, que cresci no período de popularização da internet, confesso que poucas vezes realmente folheei a revista em mãos, e não nego que comprei a revista em uma ou duas ocasiões, e, sem sombra de dúvidas jamais irei mentir que não foi pelos artigos e matérias...

Como a entrevista do FHC que eu garanto que li... (e garanto que não estou sendo sarcástico)
Então, encafifado com a ideia, quando fui cortar o cabelo algum tempo atrás e vi a última edição da revista (a de julho, mas na época era a última edição que tinha saído), comecei a... "Ler" a revista enquanto esperava.
Conforme demorava, eu realmente tive que ler a revista.
E, pelo amor da mãe do padre, sério que não entendem como esse negócio não vende?
Tem uma sessão de ONZE PÁGINAS voltada para moda (o que é realmente bastante quando o principal ensaio nu - dos dois da edição - tem vinte e duas páginas)... E, realmente alguém acha que o público que compra esse tipo de revista se interessa por dicas de como combinar gravata com terno?

É tão gritante que o público consumidor e o público alvo (em virtude das matérias) não é o mesmo que serve como tese para mestrado em marketing!
Até porque há um tiroteio em busca de apelo de (algum) público alvo...
Tem sessões que miram no 'aventureiro' (uma exploração ao Colorado de jeep), uma massante entrevista com algum ilustre desconhecido (ou conhecido por algum motivo pouco ilustre) que se soma as 'dicas' de lazer e entretenimento para o PIMBA (pseudo intelectual metido a besta) justificar sua 'leitura' da revista, tem as já mencionadas dicas de moda mirando o 'fashionista/metrossexual', e, ainda tem o material voltado ao leitor 'sofisticado' (com dicas de whisky, bares chiques para ir, uma matéria sobre bossa-nova e outras coisas de gente granfina)... E, pra sei lá eu que público (pois acho que não é nenhum dos anteriores) tem uma matéria/entrevista com a funkeira Anitta (apesar que talvez o leitor sofisticado coloque "Show das poderosas" para beber seu whisky conservado por décadas em barril de carvalho).

E posso até estar muuuuuito errado (como em diversas situações de minha vida), mas, não consigo enxergar nenhum dos pretensos públicos alvo acima como gente que de fato compra/ria a revista.
Claro que a internet acabou com muito do business plan da revista (afinal, muitas vezes as fotos 'vazam' antes mesmo da revista cogitar aparecer em alguma banca de jornal - ou para um assinante), além de oferecer num único dia muito mais conteúdo que a revista leva o mês inteiro (e um orçamento assombroso) para produzir...

Imagino que sejam mais ou menos assim que as 'pesquisas' da Abril funcionem...
Se é pra admitir derrota, puxe a tomada de uma vez...

PS> Se alguém me perguntasse o que fazer para consertar, a resposta é simples e direta: Acabar com a seletividade.
O público alvo não é a classe A ou B que tanto estão mirando - e sim da classe C pra baixo.
Matérias para o povão (futebol, resenhas sobre shows e discos populares como Zeca Pagodinho, artigos escritos por gente como Xico Sá e não pelo Jabor!), e enxugar a revista para ficar mais acessível no preço também...
Ao invés de trazer propaganda do perfume caro da Ferrari, faça parceria com a Brahma (ou a AMBEV como um todo) e traga sessão sobre cerveja (e foda-se o whisky conservado por décadas em barril de carvalho) ou até mesmo cachaça.
E mais importante, acabar com essa ridícula inflação dos cachês, nem que pra isso tenha que passar a próxima década republicando material americano, russo ou de onde for...

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