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8 de maio de 2025

{Resenhas Perdedoras de Quinta} Go, Go, Loser Ranger!

Quando eu vi pela primeira vez a ideia de Go, Go, Loser Ranger (algo que seria como "Avante Guardião Perdedor" mas numa alusão à canção tema dos Power Rangers - ainda que a série trabalhe com personagens e elementos da trama que fazem bem mais alusão a Gatchman/Batalha dos Planetas), eu confesso que fiquei intrigado.

Eu não cresci com os Power Rangers em grande parte porque eu cresci assistindo outras séries japonesas que efetivamente inspiraram o grupo (Changeman, Jaspion e vários, vários outros da extinta Manchete antes dos Cavaleiros do Zodíaco), mas o conceito não me é completamente alienígena, e, honestamente eu nem acho que seja necessário contextualizar tanto assim uma vez que a ideia é já bastante batida e clichê com tantas variações e repetições à fórmula: Grupo de pessoas recebe poderes especiais (e uniformes coloridos) para combater monstros/alienígenas/robôs tirânicos e salvar o mundo (em intervalos episódios semanais nos quais enfrentam o monstro da semana que geralmente trará alguma importante lição de moral - e talvez uma batalha final com robôs gigantes).

Não que eu imaginei que seria uma grande revolução, honestamente Alan Moore e Garth Ennis já fizeram esse tipo de comentários há pelo menos umas quatro décadas já. O que me surpreendeu foi a perspectiva de alguma obra japonesa fazer algo em uma toada semelhante.

É diferente do que existe com os super-heróis como Liga da Justiça e Vingadores pela estrutura, uma vez que o monstro da semana não é um criminoso ou mesmo alguém que possua qualquer característica redimível, e invariavelmente eles são acompanhados de um exército de bucha de canhão que não serve para nada além de fazer parecer que o monstro da semana é uma ameaça maior (do que realmente é).

Não existe dubiedade ou confusão: Os heróis coloridos são bons e justos e quem eles enfrentam são vilões que precisam ser destruídos. Ponto. Nenhum vilão tem algum argumento válido como Magneto ou uma origem trágica como o Senhor Frio ou qualquer nuance e etc... São monstros que querem destruir o mundo, simples assim (geralmente comandados por um monstrão mais poderoso que lidera todos eles).

Go, Go, Loser Ranger propõe alguma variação significativa nesses clichês com o questionamento dessa premissa básica, ao propor que os Rangers não são exatamente bons ou justos, e, verdade seja dita, a história sequer é sobre eles mas sobre um dos membros do exército de subalternos que está cansado de apanhar semana sim, semana também e sob a perspectiva da qual aprenderemos mais sobre o mundo em questão.

Os Rangers venceram a guerra com os monstros quase uma década atrás mas mantém os minions como escravos para promover shows regulares como demonstração de força além de garantia contínua de investimentos, enquanto a história nos mostra de maneira similar que os fantasiados são também pessoas corruptas, canalhas e psicopatas (no mínimo), e tudo isso desmorona tão rapidamente no que a série tenta fazer que é absurdo sequer tentar acompanhar ou entender os motivos para isso (mas que, de maneira bem cínica, seja para apresentar mais personagens e vender mercadoria derivada).

Depois que é apresentada a proposta (que os Rangers são bandidos e corruptos) a série nos apresenta o elenco principal e o conflito com um grupo de jovens que querem ingressar na academia dos Rangers (sim, como em My Hero Academia, e não, não é coincidência) e o minion rebelde tenta se infiltrar no grupo ao que boa parte da história segue as batidas desse tipo de história (dinâmica de formação de grupo e caráter, personagens amadurecendo e enfrentando desafios cada vez maiores), mas é onde acaba me perdendo.

O autor desse mangá/animê toma um tom mais satírico e humorístico (ainda que honestamente eu não tenha visto nenhuma cena particularmente engraçada, por mais que a intenção de colocar dancinhas ou bonecos explicando o que ocorrerá nos próximos capítulos no lugar de uma prévia) o que me parece querer copiar The Boys como uma crítica ao material que referencia, mas, sabe, sem ter a coragem de efetivamente oferecer qualquer crítica (afinal, o problema não são os Rangers ou a estrutura corrupta que os formou mas as pessoas corruptas que ocupam essas posições hoje e substituindo-os facilmente se restaura o status quo e tudo se resolve, confia).

Falta encontrar o tom certo para produzir o material, mas mais que tudo, falta coragem para fazer o material da maneira certa e oferecer algum comentário que valha a pena...

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