A fórmula já está batida e já é bastante conhecida: Vilão A tem um plano idiota B e precisa derrotar o herói C para conseguir isso - mas, obviamente, o vilão A será impedido pelo herói C por alguma idiotice convoluta D, e, por fim esperar os milhões para o bolso do estúdio E - k-$hing!
A favor do filme da Marvel, obviamente, é Sam Raimi. Mesmo com um roteiro idiota de algum refugo de Rick e Morty para tentar contextualizar o "futuro" do Universo Marvel Cinematográfico (que segue sem qualquer rumo ou algo digno de nota em seu quinto filme da fase 4), mas também vale destacar a qualidade de Benedict Cumberbatch que raramente desaponta (mesmo que seu personagem seja ruim nos cinemas e a essa altura uma grande piada sem graça).
Tudo bem que isso é pouco no quanto a história se perde e escapa para todo lado ou direção - esse não é um filme de Sam Raimi contando uma história do Doutor Estranho, esse é o quase trigésimo filme da Marvel em 20 anos e ele precisa reforçar que agora existe um multiverso (com todos os socos na realidade - que, honestamente, são a ideia mais idiota que alguém já tentou executar desde que eu vi ideias idiotas em quadrinhos e não funcionaram em Crise Infinita ou o saco de pancadas favorito da Marvel, o Fanático - aproveitando para trazer os X-men e outras franquias que não faziam parte do MCU antes da Disney comprar a Fox - quase um Space-Jam 2) e enormes perigos que nele aguardam (bwa-ha-ha!). E esse é o problema da Marvel de seguir numa fórmula batida e não dar chance ou vazão para o excelente talento que eles conseguem reunir somente para garantir algum prazo pré-estabelecido (e que por todos os motivos deveria ser ignorado contanto que um filme melhor fosse produzido).
Aconteceu com Homem Formiga demitindo Edgar Wright para entregar um filme clichê e sem graça, acontece com Doutor Estranho, e tudo isso chega a um ponto de pasteurização assustadora ao ponto que você pode assistir dois, cinco ou dez desses filmes da Marvel e dificilmente apontar quem dirigiu o material de tão parecidos que são uns com os outros (seja esteticamente ou estruturalmente ou em qualquer aspecto que o talento de um diretor conseguiria transformar a experiência).
Do resto os problemas são equivalentes ao filme da Warner: Roteiro raso e que faz pouco sentido (mas que se você acompanhar todos os 390 apêndices e materiais complementares de outros filmes, livros, tweets e biscoitos da sorte da rede patrocinadora do filme, talvez faça 0,5% mais de sentido), personagens nada ou pouco cativantes (mas, curiosamente, cada vez mais e mais deles - incluindo aqueles que surgem do nada para resolver a p0))@ toda) e uma constante e enlouquecedora diluição de qualquer coisa que passe por material em busca de alguns cifrões a mais.
No caso da Warner, ao meu ver, é pior pelo fato que a história toda até aqui (afinal, esse já é o terceiro desses filmes dos 'Animais Fantásticos') faz sentido ou é interessante. A trama deveria acompanhar algo como o Charles Darwin da magia que correu o mundo para descobrir e catalogar os ANIMAIS FANTÁSTICOS E ONDE HABITAM (sabe, o título do maldito primeiro filme e do livro que Harry Potter e companhia estudava em Hogwarts), mas tudo se dissipa e muda para abrigar enormes conspirações, vilões terríveis e uma gigantesca e épica narrativa em cinco (CINCO) filmes que francamente não são nem de longe assim tão interessantes... É aquela nota de rodapé do último filme/livro da série Harry Potter quando alguém citou Grindenwald e que ele combateu Dumbledore... Só que, como já sabemos a conclusão da história (né?) não existe qualquer impacto, aposta ou surpresa.Isso é um universo ficcional tentando contextualizar seu passado (recente) onde personagens agem de maneira que nós já sabemos exatamente como vai terminar - Dumbledore vence, Grindenwald perde - e é bastante estúpida a forma como escolheram contextualizar ou contar essa história (até porque, como sugere o primeiro filme, não parece que fosse o caso ou plano desde o começo). Enquanto a rota de Better Call Saul (e que, honestamente, até hoje é o exemplo perfeito de como se fazer uma prequela direito) não seria exatamente possível para a franquia de Harry Potter (dos dois atores que viveram Dumbledore, Richard Harris morreu em 2002 e Michael Gambon já passou dos 80, ao passo que outros tantos atores da franquia também já morreram como Alan Rickman), talvez a série poderia contextualizar "toda" essa história (que sairia em cinco CINCO filmes) em um único filme mais longo... Ou partir em alguma direção completamente diferente com algo que denotasse um intervalo maior de tempo entre os filmes - sei lá, iniciando nos 1300 em que 'trouxas' e magos viviam em harmonia e cooperação até a peste negra eliminando os dois grupos ou algo do tipo, nem sei se isso faz parte da mitologia da série.
Talvez em algum lugar do multiverso exista uma versão boa de um - quiçá ambos - desses filmes, mas nesse, sinceramente, não vale o preço do ingresso.
Nem da assinatura dos serviços de streaming para onde irão daqui alguns meses - pelo menos não somente pra assistir a um destes dois.
Nesse dilema indigesto, vale mais mesmo é comprar pipoca e ficar com seu doguinho assistindo à boa e velha televisão de cachorro.
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