O Hulk Imortal de Al Ewing começou muito bem, e, por um bom tempo foi um das séries mais interessantes da Marvel. Droga, uma das séries mais interessantes dos quadrinhos, ponto.
Discutindo temas complexos, propondo reviravoltas interessantes para o Hulk, inclusive contextualizando o personagem mais com um viés e verniz de horror (que constitui muito bem os monstros e aberrações gama que formam esse mundo) e construindo capítulo a capítulo uma história rica, complexa e interessante.
É claro que quando o final chega e as explicações vem, bem, nem sempre tudo se forma de maneira satisfatória... Ainda mais quando as edições passadas pareciam mais preocupadas em colocar o Hulk contra Vingadores e outros heróis do que de fato cimentar os alicerces para a construção do final diante de nós.
O final é confuso de propósito, mas, o pior nisso é que ele escolhe ser obtuso para parecer mais inteligente ou que qualquer coisa nessa longa metáfora do Hulk preso no inferno com seu pai e o Líder faça qualquer tipo de sentido ou funcione no grande contexto das coisas - incluindo uma história de 1909 que explica a longa história e linhagem da família Sterns e Banner, como se isso mudasse alguma coisa.
Dizer que eu não gostei de praticamente nada das últimas 10 edições da série é um exagero, até porque mesmo sendo um final fraco e aquém do restante da série, ainda é um material muito melhor que 90% do que está saindo pela mesma Marvel. E, vale destacar, a edição 49 é espetacular estabelecendo um paralelo interessante entre o Quarteto Fantástico (vistos como símbolos dos valores norte-americanos puros e indivisíveis) e o Hulk e seus coadjuvantes (Ricky, Betty e o General Ross, todos eles monstros por suas próprias métricas e condições).
Mas que o final é fraco e bem abaixo do restante da série, apelando para nostalgia descabida e uma subtrama completamente desnecessária (dos ancestrais do Hulk e do Líder), é visível e notório, inclusive deixando várias pontas e histórias em aberto e esquecidas em nome de uma conclusão mais rápida nessa edição 50 para que uma nova série do personagem venha o quanto antes (e talvez ajude a vender mais bonequinhos e uma série no Disney plus). E por mais que seja uma toada de horror, a condição toda do 'inferno' onde Banner vai quando morre fica menos coerente a cada página, o que complica bastante o fato de ser um ponto pivotal para o final da série.
Uma pena, pois tinha tudo para ser muito melhor - talvez se tivesse tempo para desenvolver melhor as ideias e propostas - mas que Al Ewing continue trabalhando com horror, porque isso ele sabe fazer muito bem.
Quer dizer, esse é o terceiro título de Tom King retratando a guerra através da ótica de personagens da DC (Omega Men de 2015-2016, Senhor Milagre de 2017-2018 e agora Strange Adventures em 2020-2021), contando a narrativa principal em dois momentos: um no passado retratando a invasão sofrida por Rann e as tentativas de Adam Strange e cia de impedir os avanços, e outra no presente com o Senhor Incrível investigando o que de fato aconteceu em Rann enquanto Adam Strange e Alana seguem propagando mentiras e propaganda sobre os eventos.
Essa premissa é bem interessante e, francamente, rendeu muito caldo com o desenvolvimento da série. É algo que Tom King trabalhou muito bem e desenvolveu muito bem durante as 12 (ou mais para umas 10) edições da série. Só que em dado momento, King meio que tenta redimir Alana e jogar a culpa das mentiras e propaganda somente no Adam Strange, e isso acaba, bem, estranho.
Confesso que preciso reler o material todo agora que está disponível, mas, a minha impressão nos capítulos iniciais era de uma Alana bem diferente daquela apresentada nos capítulos finais. Enquanto isso não é necessariamente algo ruim, a questão é que soa falso em certos pontos.
Não quero contar spoilers, e, pode até ser que eu entendi errado algum ponto e estou interpretando a história sob uma perspectiva errada (de novo, tem muita coisa aqui e seria bom reler a série mesmo para me embasar melhor), mas o final me pareceu aquém de toda forma.
Longe do final emotivo e inteligente de Senhor Milagre, o final de Strange Adventures é mais, bem, insosso. Alana agora é a mulher de dois mundos, lutando para repelir a ameaça dos Pykkts de uma vez por todas (depois da vitória na Terra).
Francamente eu gostei mais do começo da série que do rumo que tomou ao final, mas eu quero reler antes de opinar definitivamente.
Na primeira leitura, achei um final fraco, e que lava as mãos da Alana (e dos demais envolvidos em Rann) de sua parte na história toda. Mas, sou o primeiro a admitir que eu posso ter entendido errado.
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