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4 de junho de 2020

{Resenhas Espacias de Quinta} A Força da Fronteira Final [Netflix, 2020]

Talvez você não se lembre quando uma década atrás um seriado surgiu baseado em uma conta do Twitter. Isso mesmo, eu juro que não estou invetando (ou que criei uma página na wikipedia e no IMDB). Shit my dad says existiu entre 2010-2011 com dezoito episódios e ainda que fossem outros tempos (sim, dez anos atrás antes da pandemia, do Trump e do Bolsonaro são praticamente uma Era de Ouro em comparação).

O material é tão idiota quanto você pode esperar - obviamente - pois traduzir mensagens do twitter para uma estrutura de uma sitcom não é exatamente, qual seria a melhor palavra, ah, sim, algo inteligente a se fazer. Ou lógico. Ou coerente. Ou uma simples transição entre mídias (uma em que se requer personagens, desenvolvimento e drama e outra que é composta por mensagens de até 140 caracteres - ou hoje, espetaculares 280!).

No entanto ainda havia uma ideia da qual se podia extrapolar ou relacionar - as idiotices que um pai diz. Até faz certo sentido de extrapolar e criar algo com o conflito de gerações sob uma perspectiva mais recente/moderna.

Mas, o que dizer de Space Force da Netflix de 2020? Criada com base em uma mensagem escalafobética de Donald Trump sobre a criação de um novo ramo do exército - A Força Espacial - que faz pouco (ou nenhum) sentido num contexto maior enquanto a Aeronáutica pode dar mais do que conta de atender a 'demanda' por cuidar do espaço.

Sim, é algo ridículo e que poderia, facilmente, moldar uma esquete de 30 minutos ou quiçá um especial de comédia de hora e meia. 10 episódios para a PRIMEIRA temporada (que termina com um gancho já visando continuidade numa segunda)...? É extrapolar muito o material, mas, verdade seja dita, com o talento envolvido (Steve Carell, Greg Daniels, Lisa Kudrow e mais um monte de nomes talentosos) pelo menos é possível imaginar que seria possível aspirar a algo, no mínimo, interessante.

Como você pode imaginar pelo texto até aqui, não é o que acontece.
O seriado que se diz uma comédia fracassa num teste simples proposto por Mark Kermode, o teste das cinco gargalhadas, e, ao meu ver fracassa no coletivo. Na temporada como um todo é impossível rir cinco vezes (e com dez episódios de aproximadamente 30 minutos cada, estamos falando de 5 horas que não conseguem ao menos 5 gargalhadas - ou uma por hora). As piadas não encaixam, as cenas que querem ser engraçadas não funcionam (Steve Carell cantando Kokomo deveria ser engraçado, né?) e as situações criadas por uma comédia de situação não se desenvolvem de maneira engraçada, hilária ou minimamente cômica.

Ao final do primeiro episódio é difícil estabelecer a mínima empatia a qualquer dos personagens (qualquer um deles, seja o protagonista de Steve Carell ou algum dos personagens menores que ganhariam desenvolvimento em capítulos subsequentes como os cientistas, a família ou membros da Força Espacial ou mesmo aqueles em pequenas pontas como Fred Willard), ou mesmo a situação deles (afinal é tudo tão absurdo e fora da casinha que se torna difícil estabelecer a conexão com os problemas destes personagens).

E nem é que uma situação absurda não proporcione condição de empatia aos personagens e suas reações (vide The Walking Dead ou o mais recente Upload do Amazon Prime), é só que as situações AQUI neste seriado não condicionam empatia. Um general de quatro estrelas com a esposa presa e uma filha de dezoito anos frequentando um colégio público - enquanto namora um espião russo... É, problemas comuns a todos nós.

O fracasso maior do seriado reside JUSTAMENTE em ser incapaz de tornar todo esse absurdo em hilaridade.

Nota: 3,5/10

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