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7 de maio de 2020

{Resenhas de Quinta} O Bem-Amargo - Dias Gomes

Antes de mais nada eu preciso dizer que odeio ler teatro por uma série de motivos e acho que isso prejudica meu julgamento com base no material (em geral).

O formato para livros que se baseiam em peças não foge muito - ainda que em alguns casos a formatação do texto seja melhor que em outros, e o caso dessa publicação da Bertrand Brasil é excelente em estabelecer muito bem a troca de diálogos, mas fracassa um pouco em estabelecer cenas e contextos. No fim fica um enorme vácuo na contextualização das cenas e personagens ao critério somente do autor, e, em um caso como a obra de Dias Gomes amplamente adaptadas para cinema, tv e o que mais for, é bem fácil de estabelecer como devem ser os cenários e locações assim como seriam os habitantes de Sucupira (ou qualquer outra obra do autor).

No caso específico de O Bem-Amado, o grande problema do livro está justamente na estrutura das cenas e na transição clara entre cada segmento. Quanto tempo se passa, o que ocorre entre dado momento e outro - algumas cenas parecem levar instantes, outras, por outro lado parecem levar meses até anos - e isso, ainda que funcione bem no teatro devido a estrutura rápida necessária para a transição das cenas e tudo mais, num livro acaba um tanto corrido demais, e ao meu ver, a versão da Bertrand Brasil peca justamente por ser, bem, apenas uma peça curta publicada numa edição luxuosa demais (pouco mais de cem páginas por R$49,90 é bem caro pro meu gosto).

Sim, a saga de Odorico é tragicamente profética ao quanto ainda em 2020 vemos das políticas de Sucupira (ainda) se aplicando no Brasil (como funcionários públicos chamados de parasitas mesmo não recebendo salários ou obras desnecessárias sendo usadas como palanques para alavancar a carreira de gente incompetente), e é um material muito interessante que deve ser lido/conhecido/apreciado por todos.
Mas preferencialmente num teatro.

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