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3 de maio de 2020

{Editorial} Vício e vícios

No último dia 09/02 desse ano eu tive uma das minhas maiores crises de enxaqueca nos últimos anos.
Não sei explicar direito a enxaqueca para quem não conhece direito ou não entende, mas, de maneira bem simples, porca e resumida: Imagine uma dor de cabeça MUITO forte, e aí você aumenta a intensidade pelo dobro.

Comigo costuma atacar o estômago, e, com isso eu vomito além de ficar com uma tremenda moleza no corpo, fotossensibilidade e, claro, uma dor de cabeça terrível que normalmente aliada à fotossensibilidade parece que meus olhos estão pegando fogo por dentro. É horrível, resumindo bem.

Agora, o que é importante dessa data específica é que na sexta-feira 07/02 eu percebi que estava consumindo café demais e devia maneirar um pouco, e, dessa forma fiz um grande esforço para reduzir a quantidade de cafézinhos que eu tomava a partir já do sábado dia 08, quando de maneira um tanto drástica eu resolvi não tomar nenhuma gota de café (na véspera, a sexta-feira em que percebi que estava consumindo demais, eu tomei três xícaras e a média da semana foi de pelo menos duas).
Passei sábado e domingo sem uma gota sequer, e me parece bem claro que a cobrança veio na forma da enxaqueca.

Meu organismo reagiu como que pedindo pela cafeína com a qual estava tão acostumado e sentindo falta ou abstinência. Sei que parece um tanto (ou até mesmo muito) exagerado em falar de abstinência de cafeína como se fosse proporcional à abstinência de uma droga MAS, sejamos claros e honestos, a retirada de uma substância química que causa dependência do organismo seja ela mais ou menos nociva vai causar o mesmo efeito.

A diferença é que no caso da cafeína eu tenho mais opções que um viciado em metanfetamina ou cocaína. Eu posso beber descafeinado ou ir reduzindo aos poucos - até porque posso comprar legitimamente meu produto em qualquer supermercado e pela internet.
A polícia não vai bater na minha casa para fazer uma mega operação para investigar a máfia da cápsula de dolce gusto...

Isso me fez pensar e repensar um bocado de coisas do que eu vinha fazendo até então, e, claro, com a pandemia me fez repensar uma série de outras coisas. Mudei hábitos alimentares junto da redução de café (ainda que agora com a quarentena esteja mais difícil manter a alimentação saudável ou comer menos devido ao estresse e ansiedade do isolamento), e, como disse num post semanas atrás, comecei a revirar o baú de revistas velhas para decidir se salvo alguma coisa.

Pensei bastante sobre o consumo de quadrinhos que fiz com o passar dos anos e o quanto de obsessão e vício não estão ali também atrelados (quanta coisa eu comprei por impulso e acabei me desfazendo, e agora olho mais uma enorme pilha de coisa que vai embora). Ainda que eu reconheça que meus comportamentos sejam menos danosos... Por pior que seja ler uma hq antiga do Chuck Austen, ainda me oferece algo melhor que se tivesse gasto o preço de capa de cada revista em cigarros ou bebidas (meu pulmão ou fígado estariam em situação bem pior hoje).

Não serei hipócrita, é claro, gastei dinheiro com bebida e outras coisas que me arrependo (bem mais) diga-se de passagem, mas eu pude conhecer histórias novas, lidar com mundos novos e personagens diferentes e interagir com esses mundos diferentes e, droga, porque não, crescer como indivíduo pensante e crítico ao ler histórias novas.
O álcool, por outro lado, não me levou a nenhum lugar melhor em todos esses anos.

Do café, por outro lado, eu consegui dominar o vício e hoje vivo uns bons dias sem... Ainda assim aprendi também que eu gosto do sabor do café.
Se não faz bem, bem, pelo menos que não seja em grandes doses e que eu saiba ao menos que sou eu quem está consumindo o café, e não meu vício.

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