Eu li Akira ao menos duas vezes na minha vida em dois momentos bem diferentes.
A primeira vez eu li na versão da Globo, toda colorida, e eu não me lembro exatamente dos detalhes mas acho que foi ANTES de assistir ao filme. É uma publicação a partir da versão da Marvel, o material veio em 38 edições com mais ou menos 60 páginas, e enquanto é uma coleção bem bonita e tem bastante da atmosfera da animação de 1988, a versão com mais edições acaba padecendo de um mal bem maior que a versão mais compacta lançada recentemente pela JBC em apenas seis volumes...
A versão da JBC que segue mais próxima do original consegue justamente nisso um fluxo melhor narrativo - sem pausas forçadas, e mais que isso, com os finais de capítulos exatamente onde deveriam estar, a cada final de cada um dos seis volumes (da um com um número bem variável de páginas). Enquanto eu me lembro de gostar da versão da Globo à época, me lembro bem que não achei toda essa Coca-Cola e por anos e anos disse que o filme era bem melhor que a hq.
Resolvi em 2019 assistir novamente o filme, e, vendo algumas ofertas relâmpago da hq da JBC eu resolvi arriscar novamente a ler Akira nesta nova versão.
Confesso que, de primeira, já percebi a diferença no fluxo da leitura na coleção com menos volumes e a arte em preto e branco. Eu li o primeiro volume em questão de horas, e estava ansioso por continuar a leitura (se já tivesse o segundo - e conseguintes volumes - acho que leria tudo num dia só). Na estrutura do original, a leitura funciona melhor, sem pausas forçadas, mantendo a história correndo da forma que foi planejada e isso faz com que a edição atual da JBC seja bem melhor que a da Globo, mesmo sem as cores ou num formato menor (sim, a da Globo também seguiu o formato americano), então é bem fácil dizer que eu gostei bem mais da hq nessa segunda leitura que na primeira.
Mas não significa que eu tenha mudado de ideia sobre a qualidade da história, ou ao menos não significativamente.
A história cai demais de qualidade a partir do quarto volume com uma mudança drástica que ocorre na história, e, como isso é só metade da história (menos da metade considerando o volume de páginas dos volumes 4, 5 e 6), acaba que a saga fica meio sem rumo por um tempão até uma conclusão enrolada, confusa e estranha pra caramba... O ritmo dos primeiros volumes (ágil, com cenas de ação bem contadas e construídas trazendo personagens interessantes) é o que sustenta a história e a narrativa - e é justamente o que a animação de 1988 aborda.
Fica difícil explicar sem spoilers, mas eu juro que estou tentando.
No final do terceiro volume acontece algo grandioso - gigantesco e que obviamente levaria a ramificações tremendas - e, lendo no ritmo em que a história estava até ali, é fácil imaginar "PO, e é só a metade da história?" com uma quantidade enorme de pontos de exclamação e enquanto você fica super empolgado e imaginando o que mais poderia acontecer... E a resposta é basicamente nada.
Os volumes que seguem tentam acrescentar personagens, contextualizar melhor a coisa toda e criar alguma ênfase ou contexto diferente com rumos diferentes - que não são interessantes ou falham tremendamente em contraste com tudo o que veio até ali.
No fim, até tem um ou outro ponto interessante nos volumes 4-6 - tipo aqueles pedacinhos de carne que ficam grudados no osso depois que a parte mais suculenta já foi tirada, mas não sei como fazer uma metáfora equivalente para vegetarianos, talvez trocar um osso por uma jaca? - só que não é o suficiente para justificar esses volumes extras. São prolongados, morosos, sem uma história envolvente como os primeiros capítulos e isso torna estes capítulos mais difíceis/confusos de ler.
Some um personagem por um capítulo inteiro e volta do nada - como se nada tivesse acontecido - e, por boa mesura, o autor resolve fazer a mesma coisa com outro personagem no volume seguinte... Tramas vão se enveredando e misturando, tornando a coisa toda cada vez mais confusa e bizarra ao ponto que você se pergunta em dado volume de um debate num porta-aviões com espiões nipo-americanos: Espera um pouco, esse não era um quadrinhos sobre uma gangue de motoqueiros adolescentes que tomam drogas e fazem arruaça?
Ressalto: Vale bem a pena, é um material bem legal, com uma arte dinâmica e espetacular que sabe capturar detalhes ao mesmo tempo que construir cenas expansivas fascinantes. Também tem um roteiro que é muito bem escrito e, ao menos até a metade do negócio todo, bem tenso e intrigante.
Depois se perde bastantinho e as coisas e vai tomando uns rumos mais pra psicodélico piradão (e viagem ruim).
Nota: 7,5 pelo conjunto da obra.
No final do terceiro volume acontece algo grandioso - gigantesco e que obviamente levaria a ramificações tremendas - e, lendo no ritmo em que a história estava até ali, é fácil imaginar "PO, e é só a metade da história?" com uma quantidade enorme de pontos de exclamação e enquanto você fica super empolgado e imaginando o que mais poderia acontecer... E a resposta é basicamente nada.
Os volumes que seguem tentam acrescentar personagens, contextualizar melhor a coisa toda e criar alguma ênfase ou contexto diferente com rumos diferentes - que não são interessantes ou falham tremendamente em contraste com tudo o que veio até ali.
No fim, até tem um ou outro ponto interessante nos volumes 4-6 - tipo aqueles pedacinhos de carne que ficam grudados no osso depois que a parte mais suculenta já foi tirada, mas não sei como fazer uma metáfora equivalente para vegetarianos, talvez trocar um osso por uma jaca? - só que não é o suficiente para justificar esses volumes extras. São prolongados, morosos, sem uma história envolvente como os primeiros capítulos e isso torna estes capítulos mais difíceis/confusos de ler.
Some um personagem por um capítulo inteiro e volta do nada - como se nada tivesse acontecido - e, por boa mesura, o autor resolve fazer a mesma coisa com outro personagem no volume seguinte... Tramas vão se enveredando e misturando, tornando a coisa toda cada vez mais confusa e bizarra ao ponto que você se pergunta em dado volume de um debate num porta-aviões com espiões nipo-americanos: Espera um pouco, esse não era um quadrinhos sobre uma gangue de motoqueiros adolescentes que tomam drogas e fazem arruaça?
Ressalto: Vale bem a pena, é um material bem legal, com uma arte dinâmica e espetacular que sabe capturar detalhes ao mesmo tempo que construir cenas expansivas fascinantes. Também tem um roteiro que é muito bem escrito e, ao menos até a metade do negócio todo, bem tenso e intrigante.
Depois se perde bastantinho e as coisas e vai tomando uns rumos mais pra psicodélico piradão (e viagem ruim).
Nota: 7,5 pelo conjunto da obra.
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