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13 de fevereiro de 2020

{Resenhas de Quinta} O coelho bizarro de Jojo

Sempre que algum idiota, tipo Danilo Gentile ou Dedé Santana - ou até mesmo aquele seu tio sem noção de porra nenhuma - disser que 'o mundo está politicamente correto demais e não se pode fazer mais piada com nada', sempre que você ouvir algo nessas linhas, lembre de Jojo Rabbit.

Se tiver a oportunidade, cite para algum desses idiotas somente a premissa do filme de 2019: Um garoto de 10 anos tem como amigo imaginário Adolf Hitler.
Ah, e ele vai a um acampamento de férias onde eles queimam livros e descrevem como arianos são a raça superior que deve eliminar o mundo dos judeus (que são retratados como monstros e/ou demônios), enquanto, nesse mesmo acampamento crianças brincam com armas (ah, e uma delas fica aleijada brincando com uma granada)!

Sim, o politicamente correto está limitando demais as opções de Jojo Rabbit, você não acha? Porque eu descrevi menos de quinze minutos do filme e ainda tem muita doideira em um filme que parece quebrar o recorde de "Heil, Hitler" ditos (seja consecutivos, seja por minuto ou seja no total global mesmo).

Faço meu esforço para não contar mais do filme além dos pequenos spoilers ditos até aqui, mas, realmente é um filme brilhante em diversos sentidos. Desafiador, contestador e capaz de fazer aquilo que gente menos talentosa e capaz somente diz ser impossível 'nesse clima de politicamente correto', mas, até aí não é nenhuma surpresa para o diretor de "O que fazemos nas sombras" de 2014 (com toda a violência, sangue e piadas repletas de humor negro).

No entanto, Jojo Rabbit não é só isso. Ainda tem uma trama bem inteligente, com personagens bem construídas (Scarlett Johansson está em seu melhor papel, mesmo que apareça bem pouco, e Sam Rockwell continua em uma ótima fase depois de Três Anúncios para um crime e Vice), sabendo sempre dosar os momentos de humor para construir uma história maior, cheia de nuances, detalhes e uma incrível narrativa (e carga dramática).
Ainda assim, claro, Taika Waititi rouba a cena cada vez que aparece como Hitler, com sua vasta carga expressiva permitindo a criação de momentos geniais de comedia (muitas vezes sem dizer uma única palavra, somente através do humor pastelão mesmo).

Um filmaço, talvez o segundo melhor do ano passado.
Nota: 9,8/10

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