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9 de janeiro de 2020

{Resenhas de Quinta} Que diabos é Cats?

Se 2019 foi um ano singular em muitos sentidos, 2019 foi sem sombra de dúvidas singular em nos mostrar quão despirocado e completamente maluco e absurdo o mundo ficou.
Adam Sandler fazendo filme bom, uma origem do Coringa que presta e um filme de Star Wars que conseguiu a proeza de fazer as pessoas desistirem de Star Wars...

E no meio disso tudo existe Cats.
Cats foi massacrado pela crítica estrangeira por uma série de motivos, mas, sejamos francos, são motivos exagerados. O filme é ruim, mas nem de longe todo o absurdo de ruim que dizem...
Sério, quem sobreviveu ao Rei Leão de CGI que recria cena a cena da animação dos anos 1990 tal qual um uma pessoa, retira a pele e tenta se passar pela sua vítima, no ano passado não deveria se assustar com um filme ruim simplesmente por ser baseado num dos mais estranhos musicais de toda a história dos musicais.

E digo isso considerando a já estranha e bizarra história dos musicais (que, vale lembrar, é constituída de filmes em que as pessoas param uma conversa para começar um enorme número de canto e dança). Mas enquanto O Fantasma da Ópera tenta estabelecer a cena através da música ou A Pequena Loja de Horrores tenta contextualizar as emoções e humanizar os (bizarros) personagens, Cats é um musical sobre gatos de rua e sua vida... Na rua.
E é meio que isso, com um monte de canções e dança. Sabe, coisa que a gente normalmente associa com gatos (e não preguiça e memes da internet).

Talvez seja somente a obsessão da internet com gatos mesmo, ou a fixação de se criar um bode expiatório para nos distrair enquanto o psicopata faz outra vítima (depois do rapaz árabe e do leão agora é uma moça chinesa) pra que a gente finja que o problema mesmo são os outros filmes ruins...

Agora, sejamos francos: Cats não é bom também.
Nem nunca foi - diga-se de passagem. Acontece que, graças a uma situação bastante peculiar da época em que Cats se tornou uma enorme sensação, o musical tinha aquela aura de glamour por ser o grande espetáculo da Broadway e ladida (como se dizer a palavra 'Broadway' automaticamente significasse que o material fosse bom, o que, sejamos francos e honestos não é nem de longe um fato).
Mas você combina gente rica (ou pobre tonto que quer posar de rico) que quer exclusividade, luxo e a experiência única de ir a um musical disputado em Nova Iorque e você sabe que indiferente de quão bosta o material seja o espectador dirá que teve a melhor noite de sua vida.

Sério. Você reserva com três meses de antecedência, compra passagem, tem que passar por um aeroporto onde pode ser convidado a levar uma dedada bem fundo para verificarem se você não está carregando drogas enquanto jogam fora sua pasta de dentes e escova (que são obviamente armas de destruição em massa), e depois de dormir mal pra caramba e ficar numa cidade fria e sem graça por algumas noites perdido e sem realmente algo de divertido para fazer você vai assistir a um musical - que por acaso é sobre um bando de gatos de rua cantando e dançando - qual será a reação?

Agora se por outro lado você compra o ingresso pro cinema depois de sair dum Burger King ensebado com uma criança chata chorando mais alto que pulmões humanos deveriam permitir e uma pessoa ao seu lado que comprou um pacote de pipoca jumbo com cheiro terrivelmente artificial de manteiga (daqueles que parece que venceu dois meses atrás e não deveriam ser permitidos de se comercializar sob pena de quebrar o pacto de Varsóvia) mascando essa merda durante toda a sessão... Qual seria sua reação?

Pois é. Aí nem a única coisa inequivocadamente boa do musical (sério, Memory é extraordinária!) tem como salvar de ser uma experiência decepcionante.

No fim, eu esperava algo bem pior diante da reação negativa da internet... Sem dúvidas não é bom, mas pra quem assistiu ao Green Book (e sabe que aquela losna ganhou um Oscar), Cats até parece aceitável.

Nota: 4,0/10

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