Enquanto eu gostei bastante do primeiro livro, eu realmente não consegui entender o ponto do segundo. Quase tudo de que eu gostei no primeiro está terminantemente ausente (o senso de risco a cada capítulo, a voz única para cada personagem, uma narrativa grande mas ainda coesa...) e por vez após vez eu me vi perguntando: Pra que?
O negócio vai embarrigando e embarrigando e capítulos e mais capítulos poderiam se resumir em uma ou duas frases - se quiser muita verborragia um ou dois parágrafos.
Sim, os capítulos do Tyrion são todos muito interessantes e é, no mínimo, bacana que Stannis Baratheon dê as caras (e isso explique bem mais sobre os rumos de uma grande morte do primeiro livro), mas a primeira metade do livro poderia ser resumida em menos de dez parágrafos... Até porque todos os capítulos da Arya até esse ponto se resumem em uma linha como Arya fugiu e foi capturada.
Quer dizer, existe uma enorme e poderosa batalha para decidir o destino do reino e tudo mais, mas, frequentemente estamos acompanhando os bastidores da coisa toda, ouvindo mais rumores e relatórios que de fato os eventos. Muitas das tramas se rastejam em ritmos tão leeeeentos que fazem do livro uma enorme draga, ao ponto que a primeira metade do livro (até a morte de um dos reis - sem spoilers) muito pouca coisa digna de nota ou de interesse ocorre.
Depois da metade do livro até acontece mais coisas com a personagem (ainda que não menos irritante pela assombrosa e absurda inépcia da personagem), mas esse senso de que o livro não apresenta uma história relevante não se limita a mais jovem filha dos Stark.
Bran banca o casamenteiro e briga com outras crianças, Theon revela sua tara pela irmã e não podemos perder as emocionantes aventuras de Jon Snow além da muralha fazendo acampamento e conversando com outros membros da Patrulha da Noite! Uau, imperdível!
Depois da metade do livro até avança mais a história com uma série de reviravoltas, novos personagens e uma série de fatos interessantes, mas é o anão Tyrion que carrega o livro nas costas com os únicos capítulos consistentes de começo a fim, e, digo sem o menor medo que se o livro fosse uns 40% mais fino não teria prejuízo algum de conteúdo...
E francamente eu me vejo realmente perturbado com os rumos que a história vão tomando. No primeiro da série, ainda que se falassem em magos, feitiçaria e similares, o livro se permeava bem pé no chão com a espada e a(s) política(s) regendo muito mais o destino dos homens do que qualquer outra coisa.
Aqui vão surgindo monstros de fumaça, amuletos mágicos que curam pessoas de envenenamento, feiticeiros de lábios azuis que tem visões de LSD e claro, os dragões que vão se tornando cada vez maiores e decisivos (afinal um dragão vale mais que muitos exércitos medievais, ou em filmes do Christian Bale mesmo de alguns exércitos modernos).
Uma pena. Sei que o próximo livro tem umas boas reviravoltas, mas este segundo não animou muito não.
Nota: 4,0/10
E eu sei que eu não gosto de falar de spoilers nem nada, mas eu sinto que desse livro eu REALMENTE preciso comentar de um spoiler da trama da jovem Arya. Se não quiser acompanhar nada que possa estragar sua leitura, bem, a resenha do livro está mais que feita nesse ponto.
Em dado momento (depois de uns dez capítulos da Arya), a personagem recebe uma oferta de um sujeito que é um perito assassino, que diz a garota que por ter salvo a vida dele e de dois amigos a garota teria o direito a escolher três pessoas para morrer.
Legal, meio mórbido para uma garota de nove anos ter algo desse tipo em mãos, mas, ok, é um livro bem mórbido e tudo mais.
Mas qual minha surpresa? Além da garota DESPERDIÇAR essa 'oferta'/'presente' com capangas de quinta categoria, ela só vai perguntar como de fato funciona (ou qual a extensão do uso dessa oferta) DEPOIS de desperdiçar duas mortes!
Eu fiquei realmente irritado com essa parte do livro. Soou preguiçoso que ela só perguntasse como funcionaria a história toda depois de gastar duas mortes...
E eu achei bem idiota (mesmo considerando que fosse uma garota de nove anos)
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