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22 de março de 2018

{Resenhas de quinta} Pantera Negra - Como era verde a nação sob os nossos pés

Nota: 8,5/10
Dividindo 12 edições em 3 volumes (para ganhar um pouco de quinhões a mais com a inclusão de extras claramente dispensáveis) a nova iteração do Pantera Negra de Ta-Nehisi Coates é um evidente colírio em meio ao mar de mesmice que permeia o mercado de super heróis ultimamente.

Com um debate complexo sobre democracia e demais regimes de governo, assim como o desenvolvimento (ou falta dele) em paises africanos usando a Wakanda do Vingador como uma nação análoga para que todos os problemas ali sejam sintetizados, o material traz questões contundentes, análises interessantes e provocações que vão bem além do simples 'herói combate o vilão da semana'.
Nada de Homem Gorila ou alguma coisa idiota e simplista.

Mesmo vencendo a ameaça que almeja usurpar o poder, mesmo expondo a farsa deste déspota, o monarca de Wakanda vê seu regime enfraquecido e seu povo questionando cada vez mais qual o ponto e propósito de um líder 'escolhido' pelos espíritos ancestrais e que outra superstição mais - e não preceitos cabíveis e aplicáveis para mensurar um líder. E ainda assim existe todo um ponderamento sobre a importância das tradições e como o respeito a elas pode servir de ponte e fonte de conhecimento para a solução dos problemas.

Ainda que a narrativa padeça de alguns problemas aqui e ali, e poderia ganhar bastante com um pouco mais de desenvolvimento/foco em certos pontos (vamos só dizer que do nada surge um grupo poderoso para auxiliar o Pantera Negra e eles desaparecem tão rápido como surgiram), a leitura tem mais pontos positivos que negativos, cujas restrições se baseiam nas constrições do meio (cada edição tem 22 páginas e construir uma história cativante sobre a mudança política na África em uma revista de super heróis não parece exatamente uma combinação de sucesso).
No entanto, o grande ponto negativo ao meu ver se dá na ideia absurda da Marvel de lançar ao final de cada volume alguma das antigas histórias do Pantera Negra como uma forma de contextualização ou superposição.

As histórias antigas são um show de horrores - que incluem caracterizações racistas da África como lugar comum e trazem o Pantera Negra claramente desprezando a Mulher Invisível como uma adversária legítima em um retrato altamente machista e idiota (qualé, ela é bem mais poderosa que o 'Sr Fantástico'). Também não entendo porque o contexto para a história da irmã do Pantera Negra (capturada/assassinada em um evento da fase de Jonathan Hickman a frente dos Novos Vingadores/Vingadores) e que é base para quase toda a trama envolvendo a personagem nas doze edições do arco de Ta-Nehise Coates venha somente DEPOIS, no final do terceiro volume da série.

Sinceramente preferia a publicação em dois volumes (como fizeram com o Visão) com, no máximo, algum texto introdutório explicando o que diabos aconteceu aqui e ali para contextualizar o leitor menos habituado...

Recomendo bastante o material, e digo sem nenhum medo ou vergonha que é um dos melhores lançamentos da Marvel na última década.

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