O fato de eu chorar ao assistir a esse filme não é exatamente um enorme indicativo de quanto o filme é extraordinário, ainda que já mostre de maneira efetiva que é um filme com o qual é possível se envolver e se emocionar.
Com uma narrativa bastante simples sem o uso de palavras, ao contrário somente a construção visual auxiliada por pequenos ruídos indistintos de qualquer idioma, o protagonista da trama se vê náufrago em uma ilha que é, ao mesmo tempo assustadora e bela, e enquanto ele tenta sobreviver e/ou fugir desse pequeno paraíso assustador, o filme vai nos apresentando a sua situação e os personagens.
São apenas três, no entanto (o protagonista que é o náufrago, a tartaruga vermelha que dá título ao filme - que também é uma mulher que vem a se apaixonar pelo protagonista, mas não vamos entrar muito na lógica disso por favor - e o filho infante que vem a traduzir a próxima geração do náufrago), a menos que se conte a ilha e seus mistérios, afinal, com o progresso do filme fica difícil enxergá-la como apenas um cenário inerte.
Dito isso (que o filme é simples, com poucos personagens) é preciso destacar a perspicácia e astúcia do roteiro ao estabelecer uma analogia bastante complexa sobre a ilha como paralelo para o planeta, e os personagens principais (em sua ausência de idioma) para todos nós seres humanos vagando pela vida, buscando significado e propósito.
Mesclando belíssimas imagens com essa narrativa, o filme vai acrescentando os elementos que constroem seu universo particular de maneira que mesmo os absurdos (como alguns parágrafos atrás descrito da tartaruga que também é uma mulher) parecem lógicos e orgânicos para a condução do argumento e elaboração da metáfora a que se dispõe, até porque é justamente essa analogia do universo ao nosso redor que tanto traz coisas maravilhosas como perigosas.
De como às vezes as coisas das quais estamos a fugir podem nos trazer exatamente o que estamos procurando.
Filmaço, e, recomendadíssimo.
Uma das melhores animações do estúdio Ghibli, tanto na qualidade visual como na estrutura e roteiro.
Nota: 10!
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