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4 de novembro de 2016

{RESENHAS} Doutor Estranho


Doutor Estranho é o novo filme da Marvel apresentando o mestre das artes místicas de seu universo, Stephen Strange, e, é bem metódico na estrutura de origem super-heroica (grande perda, treino para aperfeiçoar poderes, perda de mentor para motivá-lo a combater o mal - que se dá sob a forma de um vilão genérico com motivação ainda mais genérica - e um grande conflito final bastante anti-climático).
Tudo bem, eu sei que é 'A Jornada do Herói' de Joseph Campbell e que já foi reproduzida de Star Wars a O Rei Leão (sem contar os milênios de folclores e contos e lendas)... Mas, cacete, precisa seguir como uma checklist o negócio? Não dá pra acrescentar algum tempero, algum sabor novo?

Então, dizer que eu 'não gostei' não traduz exatamente meus sentimentos pelo filme, pois o filme tem diversos pontos louváveis: Cumberbatch brilha de começo a fim, e diria que é do universo Marvel cinematográfico o melhor ator escalado para um papel desde Downey Jr como Homem de Ferro - e olha que mudaram o personagem para se adaptar à personalidade de Downey Jr, Tilda Swinton também está genial em seu papel e os efeitos especiais são espetaculares (ainda que lembrem bastante efeitos de outros filmes, principalmente A Origem - com os prédios se movendo e a gravidade se alterando a todo tempo). Eu REALMENTE recomendo assistir em 3d, de preferência numa sala com Imax, pois vale a pena (acho que é o terceiro filme que eu realmente gostei de assistir em 3d, sendo os outros Avatar e Jurassic Park... Tá, Tubarão 3 também é incrivelmente hilário).

Os efeitos são, de fato, o grande destaque, com cenas belíssimas e apenas uma leve crítica a todo o contexto (que é o vilão Dormammu, que ficou horroroso, por mais que seja difícil trabalhar com um sujeito que parece ter uma abóbora pegando fogo no lugar da cabeça).
No que tange a história, bem, acho que o primeiro parágrafo resume bem (é genérica e previsível) e isso é um baita pecado quando se trata de um filme que deveria ser fascinante (afinal é sobre um homem racional descobrindo o enorme e fascinante universo que existe além com as artes místicas) e aqui em grande parte o problema é da direção que não estrutura direito a transição entre Stephen Strange MD para Doutor Estranho mestre das artes místicas. Há um tempo demasiado longo (e sem graça) focando num dramalhão médico (tanto para expor as habilidades de Strange como para mostrar a desgraça que o acomete) e a transição para o treinamento não traz exatamente o grau de fascínio que poderia (é apenas uma cena expondo quase tudo de uma vez).
E essa transição também me incomoda um bocado. Parece rápido demais de 'médico altamente racional' para 'mago supremo das artes místicas (que luta kung fu)' - e digo 'parece' pois não existe uma linha do tempo bem estruturada desses eventos - ainda que o vilão vivido por Mad Mikkelsen tenha toda sua trama correndo paralelamente, que depende de ler duas páginas de um livro de encantamentos... O que não parece exatamente o tipo de coisa que levaria anos/meses (que é o tempo necessário para um treinamento que requer o aprendizado de uma língua morta)...

Ainda sobre a parte genérica, temos um vilão completamente esquecível vivido pelo ótimo ator Mads Mikkelsen (vilão esquecível e performance sem nenhum brilho aqui), assim como o coadjuvante Chiwetel Ejofor como o Barão Mordo. São dois personagens que precisavam de mais tempo, de maior desenvolvimento e até melhores motivações (ao que até me estranha que o Barão Mordo não seja o vilão aqui em detrimento de um personagem tão nulo como o de Mikkelsen) que existiria com uma história melhor (como por exemplo Mikkelsen servir de mentor tanto para Strange quanto Mordo no início do filme e por meados do meio roubar o encantamento que precisa e montar seu culto e blá-blá-blá)..
Mas acho que o ponto mais genérico é a trilha sonora mesmo...
Parece seguir o manual padrão de trilhas sonoras que querem parecer épicas - com a orquestra dedilhando um som que tende a criar tensão ou deslumbramento.
Vale a pena conferir, é bem divertido ainda que não quebre nenhum molde.
Só é uma pena que com tanta gente na equipe e tantos recursos um fã fez uma cena de créditos bem melhor que a que vemos no produto final (é de 2014 ou 2015, logo que anunciaram o filme):


Nota: 5,5/10.

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