Em 1998 um jovem cineasta de nome Gus Van Sant lançou aquele que para mim é o pior remake de todos os tempos, e não, não foi o remake de Godzilla com Matthew Brodrick.
O que poderia ser pior? Psicose estrelando Vince Vaughn como Norman Bates (yep) e Anne Heche (numa época em que ainda tentava ser protagonista) como Marion Crane, e, não obstante o filme ainda trazia Julianne Moore, Viggo Mortensen e William H Macy.
Porque esse remake é pior que o horrível Godzilla, alguém pode perguntar?
Bem, a versão rápida é a restauração de Ecce Homo "restaurada" em 2012. O original, mesmo com todos seus defeitos é uma obra prima enquanto o remake não acrescenta nada (além de alguma perfumaria e texturas indisponíveis na época).
No caso de Van Sant a coisa ainda piora porque justamente Psicose é um clássico tão conhecido e perpetuado (inclusive fácil de se achar, disponível no Netflix nesse exato momento) que é praticamente impossível em qualquer instância, estrutura e lógica conseguir somar uma minúscula gota ao oceano vasto e complexo que é o original.
Isso vale para outras obras que nunca tiveram continuações ou remakes como Cidadão Kane, Casablanca ou Chinatown (uh-u! Só obras que começam com c!). E o grande problema, indiferente de quem pense, sugira ou no mínimo tencione em fazer algo desse tipo é, bem, um exercício de futilidade.
Com o original tão incontestável e irrefutável (e disponível) porque se sujeitar a competir por atenção com ele?
Aí entra a segunda parte da pergunta que é o horrível remake de Godzilla com Matthew Brodrick e que facilmente é um dos filmes mais sem sal ou graça que eu já assisti na vida, e, curiosamente, não me soa como tão ruim quanto o caso anterior.
E o motivo aqui tem mais em comum com a estrutura de Godzilla que teve suas décadas e mais décadas e mais décadas de continuações e reimaginações (enfrentando borboletas assassinas de Marte, versões mecanizadas de si próprio e o King Kong?) que a franquia deixou de ser a brilhante construção e obra que o original foi (com sua contundente crítica sobre a bomba atômica e a condição humana) enquanto abraçando cada vez mais a idiotice de um gênero de "monstro gigante destroi a cidade" (com sérias restrições orçamentarias).
Quando Hollywood resolveu fazer uma versão idiota, bem, só foi mais uma versão idiota.
Talvez fãs tradicionais do monstro digam que é pior que todos os filmes horrorosos com um sujeito usando um traje ridículo em meio a uma cidade de papelão e isopor (até porque os efeitos 'especiais' fazem com que o monstro do filme de 1998 pareça menos real que os prédios de papelão), mas, francamente, a franquia já não se levava a sério a muito tempo para que isso importasse.
Não confunda, por favor, ao supor que algum dos dois é melhor que o outro. Efetivamente são dois filmes horrorosos que jamais deveriam ser feitos (ou ver a luz do dia como o Quarteto Fantástico de 1994 nunca lançado oficialmente de tão horrível). Filmes dignos de nota 0 em muitas e muitas escalas e que lançam mais perguntas sobre o estado da cultura geral de um povo do que deveriam.
Onde entram os Caça-Fantasma de 2016 nisso tudo? Mais ou menos no meio da história toda...
Ainda que o primeiro filme de Dan Aykroid, Bill Murray e Ivan Reitman seja espetacular e uma das mais inventivas produções cinematográficas dos últimos trinta ou quarenta anos (se você acha que estou exagerando, por favor prove-me errado), ele gerou uma continuação pra lá de aquém e eles continuaram a ordenhar essa vaca com desenhos animados, histórias em quadrinhos e videogames durante todas essas últimas décadas.
O filme é CLARAMENTE uma tentativa mercadológica de lucrar com uma franquia popular (assim como as ideias de lançar outras versões e continuações e derivações e o diabo que o estúdio pensa para isso), mas, droga, são os Caça-Fantasmas não exatamente um Bergman. É um filme bom não uma obra-prima inquestionável!
Sem dúvidas eu passaria muito bem obrigado sem essa nova versão, mas acho que posso dizer o mesmo sobre uma quantia enorme de filmes (O Espetacular Homem Aranha não acrescentou absolutamente uma vírgula ao Homem Aranha de Sam Raimi, e não me faça falar sobre Zack Snyder - sério, não me faça).
Está longe de ser o melhor filme de 2016 (que como disse semana passada, continua um ano estranho e fraco), mas também não faz nada para entrar nas listas das coisas mais atrozes que os estúdios regurgitam sobre o público...
É medíocre, inofensivo e francamente esquecível.
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