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4 de outubro de 2015

{RECLAMATORIAL} O amadorismo dos grandes

Há algumas semanas um assalto ocorreu em uma agência bancária no interior do estado de São Paulo, e a notícia do evento foi dada no noticiário da EPTV (o braço da Globo no interior paulista, mais especificamente a região de Campinas).
No noticiário, o jornalista enfaticamente diz: "E os bandidos não deixaram pistas".
Isso com toda a certeza exclui o principal suspeito até o momento...
Desliguem o bat-sinal...
Ele SEMPRE deixa pistas
É um problema simples de edição e estrutura de texto, e, sinceramente, ele passa batido por muita gente - mas não deveria.
Ele com certeza não passa batido numa entrevista de emprego ou num vestibular, e num mundo que requer de nós cada vez mais informação, mas mais que isso MELHOR informação, se faz necessário entender quando um erro crasso ocorre e o que ele realmente significa.

No caso em questão, é óbvio que a reportagem queria apontar que, até o momento da matéria, a polícia não tinha prendido qualquer pessoa ou apontado suspeitos. Além disso não existiam pistas claras a seguir (como a identificação do veículo de fuga ou qualquer fator que apontasse para a localização dos criminosos).

Mas o que NÃO é óbvio, é o que está nas entrelinhas e que passa desapercebido - do passaralho voando pelas redações de noticiários de todo o país reduzindo a qualidade dos profissionais de mídia por, bem, gente que diria que os bandidos não deixaram pistas ou que iniciaria uma matéria dizendo 'Mudaremos agora para boas notícias: São Paulo tem 120.000 surdos'(dito no Jornal Nacional de 03/10).

Sem revisão, sem edição, sem ao menos ligar uma matéria com a outra de maneira coesa ('mudaremos para boas notícias') principalmente para anunciar a nova matéria de maneira INTELIGENTE - o propósito era destacar que é ofertado um excelente apoio aos deficientes auditivos, mas a matéria já começa errado, não só pela estrutura toda errada do texto (que dá a entender que São Paulo ter 120.000 pessoas com alguma deficiência auditiva é algo positivo) como pela escolha de palavras.
Não é apenas por questões de politicamente correto que se usa 'deficiente auditivo', mas sim por que um 'surdo' é isso aqui:

Um instrumento que pode deixar seu músico deficiente auditivo
(E quando mal tocado o público desejando ser)
Claro que é só uma matéria mela-cueca para a edição do jornal que quer apenas utilizar para encher o tempo da edição sem ficar falando mal do governo federal por alguns minutos (afinal quando a matéria começa com esse enunciado, podemos esperar algum aprofundamento e pesquisa no material apresentado?), mas é infelizmente um dos muitos sintomas globais do moribundo jornalismo (que tem a intenção de servir de maneira imparcial na divulgação de informação para a população e não servir de entretenimento e atração entre outros programas melhores/mais populares - até porque lugar de 'repórter' não é em agência de propaganda fazendo comercial).

Da excelente matéria do Cracked sobre o mesmo assunto

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