Depois do post de mês passado (aqui) resolvi fazer de-vez-em-quando-zenal a mesma premissa porém com objetos de estudos diferentes (gibis, seriados, filmes, jogos de videogame, cerveja...), e esse é de quadrinhos.
Primeiro ponto que é importante pontuar, como no caso de filmes, é óbvio que existem exceções que não se consideram para análise: Os pornôs (ou ao menos toada erótica/pornográfica).
Existe um mercado enorme para esse tipo de material de qualidade duvidosa, e é fácil apontar para qualquer exemplo como 'o pior', tanto como filme como aqui nos quadrinhos, portanto qualquer coisa como aquela atrocidade da Tiazinha ou os quadrinhos eróticos japoneses com polvos atacando colegiais taradas ou qualquer subvariação estão automaticamente excluídos.
Segundo, obviamente eu levei muita coisa em consideração, porque o escopo é enorme de quadrinhos ruins. Enorme mesmo (fácil de fazer um "Fundo do poço 30" e ainda ficar coisa de fora) .. Cheguei a um ponto em que tive de parar um pouco para lembrar que também existem quadrinhos bons!
É muito absurdo, é muita coisa tosca e ridícula...
E enquanto acho que seja fácil apontar exemplos de qualidade duvidosa em praticamente tudo que se trate de quadrinhos - seja o nacional 'Smilinguido', sejam as tramas sem pé nem cabeça da Heavy Metal com destaque para o símbolo da revista o anti-herói Ranxerox e não dá pra ignorar os absurdos japoneses (como Berserk que eu resenhei com um herói fodão e assassino que é acompanhado por uma versão masculina e nua da fada sininho), mas nada bate os super heróis.
Nada bate o non-sense de uma história tenebrosa em que o Homem Aranha descobre que matou sua ex-mulher Mary Jane com seu esperma radioativo (é sério) ou como os autores de X-men resolveram retratar o Apartheid com uma óbvia e clara solução de um super-vilão (num corpo aracnídeo)!
Claro que a DC tem muitas podreiras (os absurdos da Era de Ouro da DC é realmente difícil de ignorar), poderia ficar horas e mais horas com exemplos e mais exemplos de bizarrice (viagens no tempo, personagens que ressuscitam ou soluções idiotas para problemas complexos ou Rob Liefeld), mas nada diz 'fundo do poço' como uma pequena obrada de Bill Jemas chamada Marville (2002, Marvel Comics).
Nunca ouviu falar? Bem, vamos começar pelo óbvio fato que essa série tinha como intento re-lançar a linha 'Epic' da Marvel que é mais ou menos como a Vertigo na DC (quadrinhos autorais com liberdade para tons mais adultos), mas não só foi recebida pessimamente por público e crítica (sendo cancelada na edição 7).
As tramas são ruins, sem pé nem cabeça (por algum motivo começa num futuro longínquo em que a Aol/Time/Warner comprou a Terra e a batizou de Turner), os personagens pouco carismáticos, o tom de comédia (?) é raso e superficial, mas pra piorar extremamente presunçoso ao ponto de achar que as críticas (nada veladas à editora DC que faz parte do conglomerado da Warner - entendeu o começo do parágrafo? - e posteriormente à própria Marvel Comics), que pra piorar vão escalonando em tentativas cada vez piores de parecer inteligentes, sem ser nada além de miseravelmente estúpidas.
Nada funciona.
O humor é de péssima qualidade, a arte vai deteriorando ao que parece se dá conforme o artista Mark Bright vai percebendo a roubada em que se meteu, as capas de Greg Horn para a série são apelativas e nem ao menos bem feitas... Mas a chave de bosta, sem sombra de dúvidas, vem do roteiro horroroso de Bill Jemas, com destaque para a ridícula interação entre Pantera Negra e Homem de Ferro em que o herói de armadura chama o soberano africano com uma palavra pejorativa (no original, a palavra 'nigger') de maneira gratuita e com o único e direto propósito de chocar (no contexto da história a cena parece avulsa e irrelevante e a ofensa é jogada completamente aleatoriamente como se o texto fosse escrito a partir de um intrincado processo de bingo - o que faria muito mais sentido para explicar o lixo apresentado).
Jemas provavelmente se acha um Tarantino, mas, sejamos honestos... Você realmente ficou empolgado em ler a história por esses últimos parágrafos? Vai por mim, eles são muito mais coerentes que toda a história...
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