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29 de julho de 2015

{RESENHETORIAL} Pixels e o sentido da vida

Se existe uma coisa que eu realmente gostaria de saber do universo não é a resposta para a pergunta fundamental sobre a vida, o universo e tudo mais, tampouco a prova de existência de vida inteligente ou a teoria unificada, ou pelo menos o telefone de Jennifer Connely...

Não, se tem algo que eu realmente gostaria de saber se eu tivesse o direito a uma única pergunta é como é possível que Adam Sandler consiga fazer o que diabos é que ele faz.
Ainda que eu seja uma referência dúbia no assunto - já que acho que de toda a carreira dele ele só produziu duas peças cômicas memoráveis (O Opera Man, que é um cantor de ópera lendo que comenta notícias em um noticiário, e a cena em que ele lê Jump do Van Halen como seu dever de casa para escrita criativa). Quem gosta do ator dirá que ele fez uns dois ou três filmes bons (Billy Madson, o Herdeiro Trapalhão, Como se fosse a Primeira Vez e Embriagado de Amor - cujo crédito é todo do brilhante Paul Thomas Anderson).
Pra mim ainda continuam as duas passagens do SNL, ainda que Embriagado de Amor seja um bom filme... E, sendo completamente honesto, eu preciso dar a mão à palmatória sobre o bastante esquecido 'Reine sobre mim' de 2007, que talvez seja a melhor atuação de Sandler em toda sua carreira.

O que assusta na verdade é que mesmo com fiascos como Trocando os pés, Tá rindo de que?, Jack e Jill (ou Cada um tem a gêmea que merece) e filmes horrorosos que fizeram algum sucesso (como Gente Grande e sua continuação, além de outras atrocidades como Eu vos declaro Marido e... Larry e Esse é o meu garoto) Sandler ainda é um ator belamente pago e bastante cobiçado por estúdios para produzir filmes (!).

É como um Nicholas Cage inverso - igualmente prolixo e aceitando praticamente todo tipo de projeto ridículo, mas um, ao menos um dia demonstrou talento e é possível ver sua alma sendo reduzida a cada projeto ruim. Sandler parece ter um toque de Midas ou ao menos algo que o proteja de todo o lixo que ele produz de o atingir...
Outros atores seriam execrados e dificilmente conseguiriam outros trabalhos após, bem, um filme ruim (a lista na verdade é consideravelmente grande de atores que se deram mal após um fiasco)... Então repito a pergunta, qual o segredo?

Ainda que Pixels mereça uma análise diferente (não é terrível, sem dúvidas e eu sei com todo meu ser que eu não sou o público alvo desse filme, mesmo que esteja cheio de referências de personagens clássicos de videogames - que eu cresci jogando), a mais importante verdade sobre esse projeto é que, apesar da ideia clichê já executada outras vezes e de maneira muito melhor em outros cenários (com ênfase ao episódio "Antologia de Interesse II" de Futurama, mas não dá pra ignorar o genial 'Fight Fighters' de Gravity Falls), ela está longe de ter uma ideia central genial e brilhante.
É apenas um veículo para a mais nova empreitada de Sandler.
Ponto.

Gravity Falls S01E10 - Fight Fighters

Esqueça as boas cenas criadas para mesclar o universo de videogames com o mundo real pois só ocupa pouco tempo para que tenhamos toda aquela fundamental e inesquecível história que desenvolve o personagem de Adam Sandler no filme que é... Bem, é aquela mesmo (interesse romântico forçado, personagem tentando superar crise de meia idade por se sentir um perdedor devido a sua condição de trabalho e blá, blá blá).

E como eu disse: Não é terrível.
Não é novo e certamente já foi feito (muito) melhor em outros lugares (diversas de outras vezes), mas não é a epítome do péssimo gosto que são outros trabalhos de Sandler.
Droga, só a cena de Pacman correndo as ruas enquanto os protagonistas usam carros similares aos fantasmas do jogo já vale por praticamente toda a filmografia de Sandler. Deixe-me repetir para enfatizar: TODA. A. FILMOGRAFIA.
É brilhante, engraçado e executado com primazia.
Claro que funcionaria tão bem - se não melhor - com outro ator (Ben Stiller? Owen Wilson? Ei, que tal os dois substituindo o terrível Kevin James também?), e essa é a grande parte perplexa onde reside o sentido da vida.
Não, não, eu não sei como chegar a esse ponto; eu só sei que está ali.

Existe nesse, e principalmente nos outros filmes terríveis de Adam Sandler um dos segredos primordiais do universo, de como um homem sem talento, sem carisma ou qualificações para sua profissão consegue emplacar sucessivos filmes de alto custo para estúdios aclamados, e em casos até com diretores renomados.

Com toda a certeza há aqui algum segredo e mistério primordial que explica tudo isso de uma maneira além de minha compreensão.
Algo que explica como o público se identifica com o ator, ou porque os estúdios gostam dele.
Talvez resida no fato que ele faz filmes ruins e saiba disso (ao que os estúdios tenham deduções maiores de impostos por bancarem tais projetos como a brecha legal que permitiu a Uwe Boll lançar filme horrível após filme horrível).
Talvez ele tenha fotos comprometedoras do cabeças dos principais estúdios...
Quem sabe? Talvez tudo isso só dependa do péssimo gosto do público - que ainda dá audiência a coisas como o Big Brother, a Fazenda e a sempre sem graça Praça É Nossa...
Não... Com certeza não é esse último...

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