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18 de julho de 2015

{RECLAMATORIAL} Sim, eu assisti Homem Formiga

(E é tão ruinzinho como eu esperava, bastante previsível, cheio de clichês e o Paul Rudd está longe de ser um ator cujo talento eu respeito, mas o texto não é sobre isso)

Se existe uma coisa que eu aprendi como analista de fenômenos estatísticos é que existem diversos tipos de fenômenos dessa natureza e, mais importante, eles se comportam de maneiras diferentes de acordo com a estrutura que vão representar.
Por exemplo, a distribuição de nitrato de potássio em um solo sofrerá uma variação muito menos sinuosa que a distribuição de público espectador por capítulos de uma novela. É uma explicação bastante básica também: Ainda que um campo possa ter um pico de concentração (o que é mais comum que se imagina) esses picos estão sempre dentro de uma previsibilidade normal dentro de mínimos e máximos que este tipo de solo é capaz de reter ou que foi aplicado em excesso ou falta por adubação.
Existem algumas possibilidades variáveis, mas são menores e restritas.
No outro caso, porém, elas são absurdamente variáveis.

A medição dos espectadores de qualquer tipo de programa televisivo é, no mínimo, complexa, e feita de maneira bastante questionada através do sistema do Ibope (com aparelhos distribuídos de maneira a enquadrar eixos demográficos de distribuição)... Mas mesmo que todos os televisores existentes no planeta estejam ligados em um determinado canal, isso significa que efetivamente alguém está assistindo?
Como eu disse, no primeiro caso a situação é clara (ou há ou não nitrato de potássio e quando há é possível mensurar sua concentração), aqui é bem mais subjetivo (se existe uma, dez mil pessoas ou nenhuma em frente a um aparelho televisivo é pouco relevante em virtude da prévia distribuição demográfica que atribui pesos a cada um dos pontos de medição, e que quantifica de acordo com uma estimativa igualmente pré-concebida - ignorando, por exemplo, o zapear de canais, ao que requer um tempo 'x' para quantificar os índices de audiência). Mas mais subjetivo ainda é a qualidade dessa informação, uma vez que, mesmo que a empresa prestadora do serviço faça a divisão e qualificação dos extratos demográficos dos espectadores, isso não se traduz.

Suponhamos que determinado programa possui 10% de espectadores do Ibope, isso significa que efetivamente um décimo da população toda está assistindo? Ou mais ainda gostando?

O que tudo isso tem com o Homem Formiga do título, você me pergunta?
E eu (talvez um tanto paranoico ouvindo perguntas antes delas serem perguntadas) respondo: Mais que se imagina...

Porque como na questão do caso televisivo, os cinemas são medidos por uma distribuição definida de espectadores - ainda que mais mensurável através do número de ingressos vendidos, o que não representa espectadores (uma pessoa pode assistir duas, três, quiçá dez vezes o mesmo filme... Ou só comprar o ingresso e acabar não indo). E esses números de bilheteria são usados para praticamente todo tipo de índice de sucesso de um filme... Só que não da forma que a grande fatia do público imagina.

Primeiro por questões de logística, uma vez que os números de bilheteria não representam lucro (para conseguir números maiores, são necessários muito mais gastos com distribuição, que inclui o lançamento simultâneo em todo o mundo para impedir o vazamento do filme para a internet, a distribuição para mais salas, uma maior divulgação - que inclui contratar astros de maior calibre... E salários...), e esses números só são importantes para os investidores - ficando mais fácil conseguir financiamento para continuações/novos projetos com divulgações infladas de números na bilheteria. E sim, a palavra inflada está ali por um motivo importante - a ascensão do 3d pós-Avatar, que encareceu o ingresso e contribuiu para injetar volume nas cifras de bilheteria.

Mas mesmo assim, o volume de cifras não representa sucesso (ou ao que vale, fracasso).
Um exemplo claro é o caso do Espetacular Homem Aranha da Sony.
Por pior que seja a produção no que tange o roteiro (aspecto difícil de argumentar quando Star Wars I - A ameaça fantasma é o Star Wars de maior bilheteria), a bilheteria de ambos os filmes de Andrew Garfield é assombrosa (quase 1,5 nos dois filmes), só que esses números representam apenas uma parcela do potencial do filme no que interessa ao estúdio. O lucro pesado vem do licenciamento da marca (para bonecos, cadernos, jogos de videogame e o que mais diabo eles imaginem que possam comercializar com essa imagem... Já tentaram até camisinha).

No que tange o cenário do Homem Formiga, a representatividade de suas cifras de bilheteria não é em si o alvo do objetivo da Disney/Marvel.
Obviamente ele é um dos heróis menos importantes e conhecidos mesmo com toda a sua história nos quadrinhos (o Homem Formiga é um dos fundadores dos Vingadores E o criador de Ultron... Mesmo que fora isso suas séries mensais pouco tenham durado e ele seja mais famoso por espancar a esposa e ter uma série de problemas de controle da raiva), mas isso não impediu os Guardiões da Galáxia de ser um dos filmes mais interessantes de 2014, impediu?

Expandir a marca oferecendo sabores diferentes pode ajudar a diversificar um gênero já bastante limitante (e limitado) que é o de super heróis, e, obviamente expandir o alcance demográfico geral. Agora trazem Paul Rudd (essencialmente um comediante - sem graça mas comediante) para Homem Formiga, em breve podem trazer Adam Sandler para a continuação para atuar como o vilão Cabeça de Ovo, por exemplo.
Talvez lançar um novo desenho animado para os canais Disney, mais merchan, e enfim...

Afinal, os filmes como eu disse no primeiro parágrafo, são clichês e pouco ousados - com audiências programadas a partir das crianças.

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