Começando mais uma tendência de publicações vinculadas com dias da semana - aproveitando que os lançamentos de quadrinhos se dão nas quartas-feiras nos EUA, e disponibilizados digitalmente no mesmo dia, e que um trocadalho fantástico, lá vem as resenhas de quinta. Poucas palavras pra cada quadrinho, apenas lançamentos selecionados (afinal, a grana é curta):
Não espere por grandes nomes. Eu com freqüência fujo dos Super Homens, Homens Aranhas, Vingadores e Ligas da Justiça. Leio alguma coisa ou outra (Batman e Demolidor, principalmente, mas de acordo com os autores). Também passo longe de derivados (de seriados de tv, filmes, jogos de videogame, baseados num roteiro perdido dum autor famoso...). Geralmente leio material autoral, afinal é mais limitado e contido e permite aos autores maior liberdade (o que resulta em maior qualidade).
Então vamos lá:
SAGA# 26
(Roteiros: Brian K Vaughan, Arte: Fiona Staples, Image Comics, 32 páginas, US$ 2,99)
Pra quem nunca leu Saga, é preciso enfatizar o que vocês estão perdendo: É uma impressionante história espacial rica em personagens fascinantes, mundos distintos criados com assombroso detalhamento e a cada virada de página novas, interessantes e geniais ideias.
Tem um quê novelesco para quem se interesse nisso, com o drama familiar, tem um quê de intriga política, tem aventura, ação, erotismo... E mais que isso há criatividade em excesso, transbordando nos desenhos incríveis de Staples na concepção de personagens novos cada vez mais intrigantes, de criaturas e mundos ousados e complexos - aproveitando ao máximo dos recursos e talento para construir imagens belíssimas e mesmo no mais lugar comum nunca enfadonho.
Tem um quê novelesco para quem se interesse nisso, com o drama familiar, tem um quê de intriga política, tem aventura, ação, erotismo... E mais que isso há criatividade em excesso, transbordando nos desenhos incríveis de Staples na concepção de personagens novos cada vez mais intrigantes, de criaturas e mundos ousados e complexos - aproveitando ao máximo dos recursos e talento para construir imagens belíssimas e mesmo no mais lugar comum nunca enfadonho.
Algo que é fácil de recomendar, mas difícil de começar pela metade. Esse é o segundo capítulo de um novo arco que traz dois antagonistas (durante os primeiros 24 capítulos) se aliando para resgatar seus filhos sequestrados por um terrorista lunático - enquanto em outra frente um grupo de personagens secundários briga pela sobrevivência.
É uma leitura incrível, Vaughan que há uma boa década é o maior escritor dos quadrinhos aliado a Fiona Staples com uma arte distinta que combina o fantástico com o crível (emoções dos personagens caracterizados com talento ímpar).
Mais um ótimo capítulo, com uma ressalva para o final, um tanto desapontante - por mais que pareça um gancho... Não encaixou.
NOTA: 7,5/10.
SWAMP THING # 40
(Roteiros: Charles Soule, Arte: Jesus Sáiz, DC Comics, 30 páginas, US$ 3,99)
É o fim, meu único amigo, o fim.
Uma das notícias mais tristes que recebi em dezembro foi o anúncio do cancelamento desta série do Monstro do Pântano escrita por Charles Soule. Não é nenhuma obra-prima, sem sombra de dúvidas, ainda mais quando a série tem a constante comparação a fase mais notável do genial britânico Alan Moore.
Ainda assim, Soule não se importa ou demonstra se intimidar em qualquer momento e produz um material fascinante de cabo a rabo com ideia maluca após ideia maluca, reviravoltas, participações especiais e principalmente caracterizações muito bem construídas de maneira que dezenas de personagens, que são o mesmo Monstro do Pântano de outras eras, demonstram cada qual uma faceta.
A história encerra com uma pegada de metalinguagem quando o protagonista se vê num reino onde todas as veias criativas se encontram (isso, obviamente, como o pretexto de Soule para armar sua despedida com recordatórios como 'Isso é uma história. Portanto... eventualmente... haverá uma última página'). O contraste entre a narração e o foco numa direção oposta do esperado mega-confronto-devastador-que-muda-tudo tão clichê nas histórias ainda mais abordando uma visão intimista da ligação entre o leitor e a obra - e o quanto este se envolve e é absorto pelo trabalho em suas mãos - é mais que suficiente para justificar leituras e releituras futuras, ainda mais quando o material todo estiver coletado em um único volume.
Há ainda uma bela homenagem a Gabriel Garcia Marquez ao final que merece destaque, sem sombra de dúvidas, refletindo o sentimento do autor tanto da série como da editora. Belo último capítulo que faz ser ainda mais uma pena por chegar tão rápido.
Nota: 9,5/10.
ALL NEW HAWKEYE # 01
(Roteiros: Jeff Lemire, Arte: Ramon Pérez, Marvel Comics, 21 páginas, US$ 3,99)
A estreia de Jeff Lemire na Marvel, um artista premiado pelo prêmio Eisner do calibre de Ramón Pérez... Bem, o que mais é preciso dizer para gerar expectativa para esse material?
Lemire segue em seu tradicional passeio intimista que tem uma toada à Mark Twain como Huckelberry Finn com a história do jovem Clint Barton crescendo em meio a adversidades (mudando de pais adotivos ruins para pais adotivos piores) pela América rural. O clima nostálgico ganha um reforço pela arte belíssima.
No presente a história abraça mais o estilo da série anterior (a um ponto que parece um clone de David Aja na arte e mesmo o roteiro não foge muito do que Matt Fraction faria).
Nada disso é ruim, e é preciso muito esforço para de fato encontrar um defeito nesse número de estreia, além do fato que não empolga.
A história vai e vai e vai mas não empolga. O final que deveria nos deixar ansiosos pela próxima edição é tão inócuo (pelo clichê que é) que quase produz o efeito contrário.
Ainda é cedo para julgar a série (os créditos deixam claro que é a parte 1 de 5), e os autores somam adjetivos suficientes para justificar a tentativa, mesmo que só por até a edição 5.
Nota: 7,0/10.
DESCENDER# 01
(Roteiros: Jeff Lemire, Arte: Dustin Nguyen, Image Comics, 36 páginas, US$ 2,99)
Jeff Lemire (e ele está em todas, tem mais uns dois ou três projetos anunciados ainda pra esse ano!) de novo, e dessa vez num projeto autoral com o fantástico artista Dustin Nguyen - que precisa sair um pouco da zona de conforto de personagens consagrados e criar seus próprios mundos em projetos autorais.
E consegue com Descender, uma história/parábola futurística/espacial sobre inteligência artificial que por esse número de estréia faz Steven Spielberg corar de vergonha por seu envolvimento com IA - Inteligência Artificial...
Nguyen e Lemire criam um universo fantástico em que é fácil se perder entre as páginas admirando os detalhes de edificações, naves, contornos de ruas, as feições de personagens - inclusive a estrutura dos personagens artificiais.
Não muda o jogo, não reinventa a roda mas há um potencial imenso para uma série fantástica. Descender já entra para minha lista de compras oficialmente e é algo que espero com grande expectativa para a próxima edição.
O maior problema é o letreiramento. Por vezes tive que usar o zoom máximo devido a escolha ruim de cores (fundo magenta para letras brancas numa fonte escrota), mas não compromete.
Nota: 9,8/10.
O que me interessou mas vai ficar para depois:
Halogen #1 (US$3,99, Boom! Studios);
Winter World #0 (US$3,99, IDW Publishing);
Drawn Onward (US2,99, Retrofit). Esse merece um destaque especial pela fantástica primeira página, que começa com um dos primeiros parágrafos mais brilhantes que eu li nos últimos tempos: Esse quadrinho é um duplo bilhete de suicídio... Triste e ao mesmo tempo instigante. Se for volume único, por esse preço com certeza vale a pena uma conferida.
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