Semana passada, um vídeo com um filme feito por fãs com uma versão mais violenta (com sexo e drogas) dos Power Rangers (!) bombou na internet gerando uma grande discussão sobre o fato dos e reboots com tons mais violentos e sombrios (o grim e gritty). O vídeo em questão é batizado 'Power/Rangers' (no link) e ênfase no '/' que foi o artifício utilizado para justificar "diferenças criativas e de marca" (!), estrelado por James Van Der Beek (sim, o Dawson) e Katee Sackhoff (de Battlestar Galatica, 24 horas e mais uma enorme quantidade de séries e dublagens).
Grande parte da discussão, na verdade se deveu ao fato das questões de direitos (a dona a marca não queria ver seu produto associado ao material exposto), mas nos fóruns da internet e comentaristas de entretenimento discutiram a validade desse revisionismo e até que ponto e extensão ele deve ir.
Eu, em particular, não vejo discussão por um único motivo: Arthur Miller encerrou esse debate décadas atrás com essa pérola abaixo
Pode-se dizer que uma era chega ao fim quando suas ilusões básicas foram exauridas |
A ideia da releitura é justamente essa: Exaurir, ou ao menos extrapolar ao máximo para desgastar, as ilusões básicas.
É o que Alan Moore fez em 86 com Watchmen, explorando os clichês e os absurdos das premissas básicas do universo de quadrinhos, inclusive questionando a censura a que foram expostos através de uma boa dose de metalinguagem estabelecendo paralelos daquele universo ficcional com o nosso. Nos quadrinhos também ocorreram várias outras revisões, sendo obviamente as mais notáveis de Frank Miller para o Batman com Ano Um (1987) e Cavaleiro das Trevas (1986).
Ou Stanley Kubrick com os filmes de guerra (em Full Metal Jacket em 1987 - no Brasil "Nascido para Matar" - ou "Glória feita de Sangue" em 1957) questionando a moralidade da guerra e o quanto ela demanda e toma ao contrário do que era (e ainda é feito em filmes como American Sniper) enaltecendo a fibra e valores dos soldados.
Obviamente, o próprio Arthur Miller com sua revisão ao 'sonho americano' em sua peça 'A morte do caixeiro viajante' como o PhD Sparky Sweets explica na sua análise (a partir da marca de 2:14, antes ele só explica a trama da peça).
Claro, e, sem dúvida, a releitura com o Dawson nem que quisesse teria a mesma importância das outras obras desse post, mas não muda muita coisa, afinal aqui é mais uma questão de competência e talento que anular a necessidade pelo serviço.
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