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8 de janeiro de 2014

Um velho conto, muda um ponto: Um conto de Natal

Alguns anos atrás, eu tive algumas conversas com amigos sobre como, mudando uma perspectiva ou detalhe numa história, ela mude completamente.
Coisas como analisar "Os Caça-Fantasmas" como um drama de época sobre o encontro com o sobrenatural. Se vingará, não sei...
Mas de quando em quando me vejo escrevendo essas historinhas bobas revisando alguns clássicos.
Pra começar "Um conto de Natal" de Charles Dickens.
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Era véspera de Natal, quando Ebenézer Scrooge,
cansado das reclamações de seus subordinados,
resolveu uma forma de não mais ser importunado.

"Um aviso", disse ele todo contente,
que na porta pregaria simplesmente
"Não perturbe e trabalhe sorridente"
E permaneceu em seu escritório
pelo resto do dia calmamente.

Sem infortúnios e contratempos,
voltou para sua isolada mansão 
onde lhe aguardava um suculento faisão
que degustaria a contento.

Scrooge passou o restante da noite
lendo cartas e assinando documentos
e adormeceu sem quaisquer tormentos.

No dia seguinte voltou para sua rotina
Cobrar empréstimos e manter a oficina
E como bem sabe o pobre avarento
Não há feriado que justifique atraso no pagamento.

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Era Véspera de Natal, e Robert Cratchit a seu patrão Ebénezer Scrooge pediu gentilmente por uma folga para o feriado, depois de um longo ano de sucessivo esforço.
"Ah, Bob assim você tira os poucos centavos de meu bolso! Tenha sua folga mas terá de trabalhar dobrado, se quiser crescer e manter seu emprego inalterado!", disse o velho avarento em um tom ranzinza e rabugento.
"Basta!", disse Robert enfurecido e perplexo, abandonando de ombros o avarento e mobilizando os demais trabalhadores da fábrica, com um canto simples, repetitivo se entoando.
"GREVE! GREVE! GREVE!", dizia com força e convicção, e, um a um os demais operários conseguiu atrair a sua paralisação.
"Melhores condições!", "Salários mais justos!", "Menores jornadas!", gritavam os trabalhadores, unidos todos no chão da fábrica sob o comando de Robert Cratchit, todos de braços cruzados se recusando a trabalhar um momento que fosse sequer sem a revisão de seus contratos.
Scrooge bradou, gritou e ameaçou, mas nada pode fazer.
"Demitir todos eles? Loucura! Como proceder?", pensou consigo mesmo o avarento, e para casa partiu refletir em isolamento.
Mais unidos que nunca, Cratchit e sua união de trabalhadores ceou junta e pela manhã logo sem demora tratou de intensificar seus esforços, ao que agraciou no dia de Natal o escritório de Ebenézer Scrooge com três de seus maiores pesadelos: o Advogado Civil, o Trabalhista e o Previdenciário.
Com essa visita a greve força ganhou, e logo se expandiu, cresceu e se perpetuou.
Scrooge com medo então cedeu, e aos trabalhadores de toda a fábrica o direito se reconheceu.
Mas esse não era o final de Bob Cratchit, nem de longe.

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