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9 de novembro de 2013

EDITORIAL> O Rei do Camarote, a Sony e Breaking Bad

A pouco mais de duas semana, uma notícia causou grande polêmica na internet, muito mais entre os aficionados por tecnologia e videogames: O Preço sugerido pela Sony para o lançamento do futuro PS4 é de R$3999,00 (ou algo em torno de US$1800,00 como destaca o IGN)
Toda essa história rendeu uma série de declarações controversas (como a declaração do presidente da empresa Ubisoft dizendo que "os brasileiros tem de parar de reclamar"

É verdade, os impostos de 60-70% do governo brasileiro sobre produtos 'jogos de azar' e 'produtos eletrônicos' é vergonhoso, mas a Sony chegar ao ridículo ponto  dizer que 'estão perdendo dinheiro' (o que é uma falácia econômica E mercadológica! Só voluntário faz trabalho sem ganho financeiro - e mesmo assim porque existe outro tipo de gratificação que justifique). Principalmente quando as concorrentes diretas da Sony (Microsoft e Nintendo) apresentaram preços, ainda que caros, coerentes com o contexto destes impostos de 60% (O Wii U da Nintendo chega ao Brasil por R$1900,00 - e tem em pré-venda nas americanas por uns mil e setecentos e quebrados - outros sites já trazem inclusive bem mais barato, ao que eu descobri que existe o 'Santa Efigênia shop')...

Então porque existe esse inflacionamento de um produto dessa natureza - e, não apenas desse tipo de natureza, já que temos os casos dos carros (vide imagem abaixo ilustrando - mesmo que meio desatualizada)... Porque pagamos tanto por alguns produtos, atribuindo a eles uma condição e status de luxo?


É algo que se expõe de maneira clara, evidente e pungente na situação do tal 'Rei do Camarote' - ou qualquer uma das pessoas vazias, sem conteúdo ou inteligência que permeiam revistas como Caras (tanto estampando as páginas quanto lendo seu material - e jamais usarei aqui a palavra 'conteúdo' pois é inexistente). Uma cultura de 'celebridade a todo custo' (sério, o cara já tem dinheiro, carrão e tudo mais, precisa fazer o carão de dar uma entrevista ridícula dessa?), em que o valor do status é maior que a justificativa por virtudes individuais.

Usa um relógio de US$5,000.00 no pulso mas não sabe ler as horas. Tem um terno armani feito sob medida mas não tem sequer ombros ou postura para exigir esse tipo de corte. Compra uma Ferrari que faz de 0 a 300km/h em vinte segundos, mas tem que andar no trânsito e lombadas de São Paulo - num Brasil que a velocidade máxima de trânsito é de 110km/h na Bandeirantes... Resumindo: Compra algo só por ser caro, e só pra dizer (e mostrar) que comprou algo caro - lembra o caso do Iphone (que no lançamento ficava mais barato comprar passagens, hospedagem E o iphone em Miami que comprar o produto no Brasil?).

Isso só aumenta numa situação de desigualdade social, que estampa ainda mais como existe e se possibilita que gente que tem minhoca no lugar de cérebro seja capaz de gastar muito mais dinheiro numa balada que famílias ganham em um ano inteiro.

E é escancarado na crítica social feita por Vince Gilligan em seu Breaking Bad (que chegou ao fim algumas semanas atrás), na história de um pesquisador (com doutorado e indicação ao prêmio Nobel - e parte integrante na criação de uma empresa multimilionária) e que para sustentar sua família precisa manter dois empregos maçantes (professor de ensino médio E funcionário de um lava-rápido) com salários baixos, enquanto vê vários exemplos de seus desqualificados alunos passeando pelo mundo, sem esforço ou dificuldade, sendo o caso que o faz repensar seus valores e moral o de um ex-aluno, traficante de drogas.

Refletir sobre o que significa essa situação de dinheiro e valores é o grande desafio, e talvez a grande pergunta sem resposta sobre toda a situação de monetização.
Certo, errado e ético são conceitos que se aplicam de mesma forma em cenários onde há ou falta dinheiro?

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