Duas das melhores histórias escritas para o Superman, como eu disse meses atrás, foram escritas por Alan Moore... E agora é hora de falar sobre elas!
São três as histórias - O que houve com o Homem do Amanhã (imagem ao lado), que traz a história final do personagem das Eras de Ouro/Prata, com o consagrado artista Curt Swan; Para o homem que tem tudo (anual de 1985, desenhado por Dave Gibbons de Watchmen) que traz um aniversário do personagem, vendo como seria sua vida em Krypton, se o planeta não explodisse; e a Linha da Selva (edição de DC Comics Presents, também de 1985, com Rick Veitch na arte) trazendo o encontro do Monstro do Pântano com o Homem de Aço.
Moore escreveu poucas histórias avulsas para os personagens da editora de Batman, Superman e cia - e além daquelas dos nomes citados nesse parágrafo, pouca coisa merece menção. Claro, claro, o Monstro do Pântano é uma excelente série mensal, mas eu nem conto, afinal contém um longo arco, e não apenas histórias avulsas, como as aqui citadas.
É claro que da pouca coisa remanescente, ainda existem histórias interessantes (como coletados num excelente - e hoje raro - encadernado com as histórias da Tropa dos Lanternas Verdes, Arqueiro Verde, Vigilante e outros).
Dessa coletânea, é realmente difícil definir qual delas é melhor, afinal são incríveis individualmente, e cada uma segue para uma vertente bastante diferente. Ainda assim, para uma leitura descompromissada, de alguém que nunca leu muito do personagem ou conheça pouco das cronologias de histórias em quadrinhos das editoras norte-americanas, sem sombra de dúvidas "Para o homem que tem tudo" é a história ideal.
Simples, rápida e direta, mexe com condições bastante clássicas - e facilmente identificáveis da natureza humana (e se alguma coisa pudesse realizar seu desejo mais íntimo? Seja uma droga, outro vício qualquer - ou no caso uma planta controladora de mentes...), e mais que isso... Como voltar ao mundo real depois de experimentar a realização de suas fantasias?
Uma vez que usei as palavras 'desejo', 'íntimo' e 'fantasias' num parágrafo parece que há algum tipo de tensão ou inflexão sexual, mas posso garantir que é a história mais 'para todas as idades' da lista... Apesar das brigas entre seres super poderosos e tudo mais, não há uma exposição de violência que chame atenção, com certeza é o roteiro que rouba toda ela.
O vilão Mongul também oferece uma participação memorável, ameaçador e ao mesmo tempo elegante, e os demais coadjuvantes (tanto no mundo real, como Batman, Robin e a Mulher Maravilha, quanto na Krypton dos sonhos de Superman) são muito bem desenvolvidos. Fica aquela impressão que, dadas as circunstâncias, a dupla Moore e Gibbons poderia render o desenvolvimento de uma série mensal admirável se eles tivessem tempo (ou oportunidade) para trabalhar nisso.
A Linha da Selva, também lida com uma condição bastante intimista, da mortalidade, quando o Homem de Aço percebe que foi exposto a uma terrível espécie vegetal de seu planeta natal, e, após enfrentar os sintomas iniciais de uma doença fatal, parte em viagem rumo aos pântanos da Lousiana onde encontra o bom e velho deus do Pântano.
O medo da morte, o suadouro frio e o pânico (marcantes no traço de Veitch) vão definindo o tom da história... E o tom de urgência, de desespero crescente...
Excelente história, mas não um pouco de foco, como as demais histórias, para caracterizar como clássico incontestável, mas sem dúvidas é uma grande leitura.
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Por fim, volto ao começo do texto, com a história mais convoluta, que reúne toda sorte de vilão, herói, conhecido e bizarrice que fez parte da história do Homem de Aço até o ano de 1986 (que representa um reboot editorial, reintroduzindo os personagens ao mundo moderno... doas anos 80 pelo menos), e é de fato um deleite ao passado do personagem e seus leitores... Mas algumas coisas podem assustar leitores novatos, incluindo as bobagens envolvendo Jimmy Olsen ou os vilões patéticos como Mestre dos Brinquedos (juro) e o Galhofeiro (mesmo).
A história dos últimos dias, do(s) confronto(s) definitivo(s) com cada vilão, contada pela perspectiva de Lois Lane - como uma entrevista a um jornalista no futuro, tentando rememorar a história e vida do maior herói que o mundo conheceu... Sem saber que, como o final deixa a entender com uma simples piscada de olhos, ainda exista todo um longo futuro pela frente.
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