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24 de outubro de 2013

EDITORIAL> Não apoie a ignorância.

Eu pensei em várias formas de fazer esse texto... Comecei com um conto (sobre um ativista que dirige sua caminhonete cabine dupla que consome tanta gasolina que até sair do posto de combustível já precisa abastecer de novo), tentei um 'semi-poema', mas a verdade é que é preciso pragmatismo no assunto.

Primeiro de tudo, preciso deixar claro: Sou favorável ao teste em animais, e não espero que ninguém me apoie ou concorde. Só espero que o caro leitor entenda.

Entenda que não se pode confundir 'testes em laboratório com animais' com qualquer coisa além do que está preenchido nas aspas.
Não, cientistas não são doutores Frankenstein auxiliados por desfiguradas criaturas que são seus assistentes de laboratório brincando de deus para confeccionar experimentos profanos.
Cientistas são profissionais sérios que conduzem pesquisas.
E pesquisas tem uma finalidade e objetivo pré-determinado.

Como testar a toxicidade de um composto - ou efeitos de exposição prolongada.
Compostos que podem causar os mais diversos efeitos adversos em diferentes organismos (a reação em insetos é uma enquanto em pequenos mamíferos outra - e em microrganismos é nula). E é isso que faz com que os testes sejam importantes, afinal muitos dos fármacos ou demais componentes são sintetizados no laboratório e não são encontrados (ou não deveriam ser) na natureza.
E justamente por isso não há uma exposição natural destes compostos aos organismos.

Alguns fármacos causam irritação na pele, outros em exposição aguda podem causar cegueira, e até o óbito.
Mas a concentração para humanos é uma, para ratos é outra e para cães outra.
Se a doença é a mesma, tanto seu cachorro de estimação quanto você podem usar o mesmo medicamento.
Ah, e falando em medicamento, sabia que a cocaína era receitada no tratamento de tosse?

Não só isso, a exposição pode ocorrer de maneira indireta.
Um medicamento para bois ou frangos (que vão virar ração/comida) pode não ter efeitos adversos em uma espécie mas em outra, inclusive em humanos.
O mesmo vale para medicamentos para humanos, que vão para a rede coletora de esgoto, e mesmo após o tratamento podem acarretar em mortandade de peixes (ou ser absorvidos por estes, também virando ração pro seu animal doméstico).
Mais que isso, desconhecer as reações que podem resultar deste fármaco (quebra por fungos ou bactérias resultando compostos mais tóxicos que o original, por exemplo) são de um risco enorme além do prejuízo potencial para todos nós.

Todos estes resultados são indispensáveis para avanços científicos, melhores capacidade de tratamento médico, condições mais humanas de tratamento e melhores opções para pacientes (e cuidados).
Também indispensáveis para a produção de novos compostos, para que saibamos das interações destes com outros compostos e outras tantas condições que propiciam novas pesquisas e desenvolvimento.

E sim, para isso são indispensáveis animais.
Micro-organismos, pequenos insetos, pequenos roedores e alguns animais maiores.
Convenções internacionais e diversos tratados científicos estabeleceram a gama de animais utilizados para cada tipo de experimento.
Para cada tipo de teste com o devido acompanhamento na averiguação, etapa a etapa para verificar a segurança das dosagens estabelecidas, para verificar quando ocorre hiperdosagem (e sua letalidade).
Isso é ciência.

É a mesma ciência que propiciou transplantes de órgãos - e que mandou o homem pra Lua e pretende iniciar uma 'colônia' em Marte...
Isso é ciência, não sadismo.

Sabe, aquele sadismo - que é sinônimo de crueldade - de abandonar um animal nas ruas depois que ele 'perde a graça' ou fica grande demais pra uma casa ou apartamento? De jogá-lo a própria sorte na cidade para contrair doenças nas ruas...
Sadismo de mutilar o animal (cortar bigodes de gato ou o rabo de um cachorro)...
De criar em cativeiro com base de hormônios de crescimento e pouco exercício para produzir uma carne mais macia...
Sadismo de destruir uma biota da Amazônia (com todo tipo de espécies de árvores, plantas rasteiras, micro-organismos e animais) para construir um pasto apenas por ganância e obtenção de lucro (sim, porque a ciência com tudo que faz está longe de gerar dinheiro pros seus pesquisadores).

Crueldade, meus caros é proliferar a ignorância.

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