O ambiente é
bastante estranho. Como um gigantesco relógio, com vidro compreendendo suas
partes para que cada engrenagem e detalhe possa ser visto claramente. Talvez
algo desenhado e preparado por um orgulhoso arquiteto, e, com muitos motivos,
uma vez que sua arte é realmente magnífica. Cada engrenagem que se une e junta
para formar um movimento maior, com procedimentos mais e mais complexos que se
iniciam com uma pequena... minúscula pecinha. É lindo o trabalho, e de certo ponto assustador.
Parece um
relógio feito para medir eons e não horas, pelas proporções do que se vê.
Tantas e tantas peças... Tantas e tantas coisas funcionando em perfeita
harmonia para que, como percebo pelo distante ruído, um pequeno ponteiro possa
se mover minimamente, e outras dúzias de engrenagens se pressionando e
colaborando para que outro ponteiro se mova, ainda mais suave, ainda mais
delicadamente, mas este com muito mais necessidade de ser preciso. Sincronia é
a palavra de ordem. Sincronia.
O pouco que se
move e se agita para que o muito faça algo... Virar e virar sem sair do lugar...
E gira, gira, e
gira, e gira... Sempre virando sem sair do lugar. Sempre agindo pelo impulso e
necessidade que cada mínima parte tem para com o todo. Sempre virando. Sempre parado.
Seria quase
desesperador, se não fosse tão lindo. E talvez seja esse o exato ponto. A
beleza toda ali ao nosso redor para nos distrair, nos abstrair dessa posição
tétrica e assustadora. Dessa familiar e assustadora condição. Que segue ciclo
após ciclo, ecoando pelo eterno.
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