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24 de julho de 2013

Ato 1 - A vida, o universo e tudo mais (parte 5)


O ambiente é bastante estranho. Como um gigantesco relógio, com vidro compreendendo suas partes para que cada engrenagem e detalhe possa ser visto claramente. Talvez algo desenhado e preparado por um orgulhoso arquiteto, e, com muitos motivos, uma vez que sua arte é realmente magnífica. Cada engrenagem que se une e junta para formar um movimento maior, com procedimentos mais e mais complexos que se iniciam com uma pequena... minúscula pecinha. É lindo o trabalho, e de certo ponto assustador.
Parece um relógio feito para medir eons e não horas, pelas proporções do que se vê. Tantas e tantas peças... Tantas e tantas coisas funcionando em perfeita harmonia para que, como percebo pelo distante ruído, um pequeno ponteiro possa se mover minimamente, e outras dúzias de engrenagens se pressionando e colaborando para que outro ponteiro se mova, ainda mais suave, ainda mais delicadamente, mas este com muito mais necessidade de ser preciso. Sincronia é a palavra de ordem. Sincronia.
O pouco que se move e se agita para que o muito faça algo... Virar e virar sem sair do lugar...
E gira, gira, e gira, e gira... Sempre virando sem sair do lugar. Sempre agindo pelo impulso e necessidade que cada mínima parte tem para com o todo. Sempre virando. Sempre parado.
Seria quase desesperador, se não fosse tão lindo. E talvez seja esse o exato ponto. A beleza toda ali ao nosso redor para nos distrair, nos abstrair dessa posição tétrica e assustadora. Dessa familiar e assustadora condição. Que segue ciclo após ciclo, ecoando pelo eterno.

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