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28 de junho de 2013

Grandes clássicos: Desvendando os quadrinhos (Scott McCloud)

Eu já li muitos livros na minha vida, e muitos me influenciaram.
Sem dúvida adoro o estilo de escrita de Saramago, e a narrativa impar de John Steinbeck, ou a análise da psique humana de Dostoyevsky, e o sarcasmo sem parâmetros de Adams... Ou o teatro de Pirandello e Shakespeare... Ou os tratados de filosofia de Nietzche e de mitologia comparada de Campbell...

Mas foi Scott McCloud, alguém bastante desconhecido (inclusive em seu meio, o de artistas de quadrinhos, perto de nomes como Alan Moore, Neil Gaiman, Jack Kirby ou Will Eisner), que produziu o livro que mudou de toda forma possível a minha vida.

E não... Eu não estou sendo extremamente dramático.

Minha primeira leitura foi antes da publicação oficial do livro no Brasil (2000 ou 2001), quando durante o colegial eu conversava com um amigo sobre quadrinhos, e, seguíamos a estrutura básica de clássicos (Frank Miller, Alan Moore, Neil Gaiman...), e, em algum tempo fui apresentado a um link de um site/blog que trazia material traduzido, e nunca publicado no Brasil, como o caso de Miracleman (de Alan Moore que sofre de uma longa disputa judicial finalmente resolvida), e esta brilhante publicação de Scott McCloud.

Desvendando os quadrinhos, lançado pela primeira vez em 1993 (no Brasil só em 2004), e é uma leitura que na verdade é uma aula.
Ele usa de recursos únicos possíveis pela estrutura da arte sequencial para definir e explicar cada um dos detalhes e pontos que definem o que são os quadrinhos, de forma educativa, simples e direta, sem ser pedante ou massante em qualquer momento.

O livro tem muito conteúdo, muitas teorias, mas elas são distribuídas aos poucos abusando de sua formação em artes para apresentar técnicas, informação e todo um conteúdo de maneira a discutir o que são os quadrinhos, como definir - e diferenciar - uma arte de outra, e, principalmente, como definir o que é arte?

Parece muito quando é apenas um livro, tratando de uma longa história - na verdade McCloud volta aos primórdios da civilização quando os primeiros homens da caverna começaram a desenvolver o que ele define como arte... Isso sem contar toda a gama do que se caracteriza como histórias em quadrinhos - do mercado americano de 'comics' ao 'mangá' japonês passado pelo mercado franco-belga (como Tintin, Asterix e Lucky Luke)... Mas a didática é tão leve e bem conduzida que... Bem, McCloud teve de escrever mais dois livros - Reinventando os Quadrinhos e Fazendo Quadrinhos - (e facilmente poderia lançar outros).

Vale muito a pena, é um material que não se restringe aos quadrinhos - como a imagem ao lado explicando sobre a noção artística do 'Ceci n'est pas une pipe' de Magritte - ou o processo criativo (nas imagens abaixo).

A única pena é que não parece que o livro ganhará uma segunda ou terceira edições no Brasil tão rápido, e com isso a inflação tá brava no livro (já o encontrei por R$89,00, o que é absurdo perto dos R$39,00 que paguei em 2005, ou dos US$19,99 no bookdepository - que dá pouco mais de quarenta reais...) mas é uma leitura cativante, empolgante e que merece mais atenção e leitura.





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