Todo mundo já passou por aquele momento em que parece que você é um alienígena verde com anteninhas e um anúncio enorme em neon ao redor da sua cabeça dizendo 'olhe pra mim, por favor', justo quando você gostaria de se esconder na multidão pra que todo mundo te esqueça.
É um rasgo na tua calça que se dá porque você abaixou para pegar alguma coisa que caiu (um boné, um documento ou qualquer outra coisa), ou um pombo que mira justamente quando você está a duas quadras de seu local de trabalho - e possivelmente alguns minutos atrasado (ou faltando para entrar).
Ou o colega mala que te coloca numa situação constrangedora diante de uma reunião - fazendo tocar seu telefone, te cutucando quando você quase cochilava ou simplesmente to colocando na fogueira ao dizer que você entende muito de um assunto que mal compreende - o que te coloca como responsável dum serviço extra que garantirá horas de trabalho e nem um único centavo a mais.
Poderia citar muitas e muitas delas, até porque eu pareço atrair essas situações tal qual um para-raios, e já tive uma boa quota de chuvas há dois minutos da chegada ao serviço ou escola - que sempre acompanham as perguntas 'Nossa, tá chovendo?', que a educação me impede de responder o que gostaria.
Mas pra mim nada é mais constrangedor que reencontrar alguém de quem a gente não lembra.
Sabe aquele negócio... A pessoa toda educada e saudosista te joga um 'Quanto tempo...?', que a única resposta que eu sei dar é um "Pois é... Muito tempo".
O pior, pra mim, é que eu não sei lidar com isso de maneira cortês, e sou na verdade honesto na maioria das vezes.
Quando me perguntam o 'você não tá lembrado de mim?', a resposta comum é 'não', o que não impede de ouvir longas histórias de que não me lembro sobre pessoas que talvez não tenha conhecido.
Minto. Contar piada em velório é a situação mais constrangedora que eu conheço.
Principalmente quando alguém começa a rir ruidosamente e todo mundo olha na tua direção - afinal quem tá rindo ruidosamente também está dando tapinhas no teu ombro.
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