Capítulo 3.
O
tempo passou.
Susan
esperou.
Quanto
mais Susan esperou, mais a campainha não tocou. Nem o telefone. Ela olhava para
o relógio. Ela sentia que agora era uma boa hora para perceber que se sentir
frustrada. Ela já estava frustrada, é claro, mas era pelo seu próprio tempo,
por assim dizer. Eles estavam claramente no tempo dele agora, e nem
considerando o tráfego, problemas, e situações vagas e lentas, já havia passado
bem de meia hora da hora que ele insistira que seria a última hora que eles
poderiam sair dali, para que ela já estivesse pronta.
Ela
tentou se preocupar de que algo terrível tivesse acontecido com ele, mas não
conseguira acreditar nem por um instante. Nada terrível jamais acontecera com
ele, apesar que ela estava começando a achar que era a maldita hora para
acontecer. Se nada terrível acontecesse com ele logo talvez ela teria de ser a
causadora ela própria. Agora estava chegando a uma idéia.
Ela
se atirou na cadeira e assistia as notícias na televisão. As notícias a
causaram frustração. Ela virou o controle e assistiu alguma coisa em outro
canal por algum tempo. Não sabia o que era, mas também se sentia frustrada.
Talvez
devesse telefonar. Nem morta que telefonaria. Talvez se ela ligasse ele também
estivesse tentando ao mesmo tempo ligar para ela sem conseguir completar a
ligação.
Ela
se negou a aceitar que sequer pensara isso.
Maldito
seja, onde ele estava? Quem se importava com ele, enfim? Ela não, com toda a
certeza.
Era
a terceira vez seguida que ele fazia isso. Três vezes seguidas eram
suficientes. Ela furiosamente mudava de canais mais uma vez. Havia um programa
sobre computadores e um novo desenvolvimento interessante no campo de coisas
que se pode fazer com computadores e música.
Não
aguentava mais. Não aguentava mais mesmo.Ela sabia que havia dito a si mesma
que não agüentava mais apenas segundos antes, mas agora ela definitivamente não
aguentava mais mesmo.
Levantou-se
de sobressalto e foi até o telefone, segurando um Filofax furioso. De maneira
revigorante ela discou um número.
“Alô,
Michael? Sim, aqui é a Susan. Susan Way. Você disse que eu deveria ligar se
estivesse livre esta noite e eu disse que preferia estar morta em uma cova,
lembra-se? Bem, de repente eu descobri que estou disponível, absolutamente,
completamente e irremediavelmente disponível, e que não existe nenhuma cova
decente por uma boa distância. Aproveite a chance enquanto pode é o meu conselho.
Estarei no Clube Tangiers em meia hora”.
Ela
colocou os sapatos e o casaco, parando ao se lembrar que era uma Quinta-Feira e
que deveria trocar a fita da secretária eletrônica por uma nova e extra-longa,
e dois minutos depois estava saindo pela porta da frente. Quando de fato o
telefone tocou a secretária eletrônica disse delicadamente que Susan Way não
poderia atender naquele momento, mas se quem ligou quisesse deixar uma
mensagem, ela retornaria o mais rápido que pudesse.
Talvez.
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