(Pra compensar a semana só reciclando postagens do livro de Douglas Adams)
Muito ouvi falar (abobrinhas) sobre educação nos últimos dias, principalmente depois da divulgação desse ranking, como mostra (na íntegra, ao contrário de outros veículos jornalísticos) na reportagem da BBC Brasil:
http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2012-11-27/brasil-fica-em-penultimo-lugar-em-ranking-global-de-qualidade-de-educacao.html
O que é importante notar nesse ranking:
1 - Que países desenvolvidos tem melhores índices de educação.
2 - Que os índices de violência e corrupção também entram na equação (Olhe a Finlândia lá no topo - junto de Coréia do Sul e Hong Kong - e não China, que sequer está na lista - enquanto o Brasil na rabeira junto de México, um país onde as guerras de cartéis fazem essa palhoça de PCC parecer brincadeira de criança)
3 - Que o desenvolvimento de pesquisa é um fator importante (A Suíça é a maior produtora de ganhadores do NOBEL, por exemplo, e Israel é uma das maiores potências em produção de patentes - e apesar de uma posição baixa, lá no 29º lugar, ainda é melhor que nossa 39ª).
4 - Que estamos falando de BRASIL e não de um ou outro estado em particular. E isso é importante de destacar (dos itens anteriores). O coronelismo que impera em dados estados, a violência e a corrupção que impedem que fundos destinados - e mais que isso, a criação de agências de fomento à pesquisa e educação superior (o ponto chave para formação e renovação de professores e desenvolvimento do mercado de trabalho).
Concomitante, temos outras notícias, como essa de que Dilma (e Mercadante) quer(em) destinar o dinheiro futuro dos royalties do Petróleo para a educação única e exclusivamente.
É preciso primeiro, analisar o que eu disse nos quatro pontos de antes. Por exemplo, destinar dinheiro para a educação em estados regidos por verdadeiros coronéis que mandam e desmandam (e desaparecem com quem se opõe a eles, sejam humanitários ou adversários políticos), não parece exatamente com o tipo de coisa que eventualmente chegará ao destino final. E enquanto a pesquisa no Brasil tiver papel secundário, que incentivo de fato terão os alunos/estudantes/empresas para desenvolver projetos?
Existem muitas questões em aberto, e muitos problemas que precisam ser equacionados.
Um é que a educação mudou - pois a sociedade mudou, e as tecnologias e processos - mas os professores não.
Quando eu tinha quinze anos, não existiam tablets, smartphones (ambos com acesso ilimitado à internet) ou tantas outras traquitanas tecnológicas. Quantos professores SABEM usar esses recursos? Estão antenados com essas tecnologias e tendências ao menos para conhecê-las - e nem precisa ser na mesma intimidade que os alunos...?
Porque a verdade é que um aluno pode baixar na internet aquela pergunta que o professor foi preguiçoso demais para desenvolver ele mesmo antes mesmo do problema estar completo na lousa...
E não só isso.
Um smartphone numa tela minúscula contém todo um mundo de informações, cores, vídeos e conteúdo. Professores tem de lidar com telas duocromáticas e livros enfadonhos - com textos obviamente não escritos para o seu público alvo. E se não bastasse isso, professores tem de lidar com seres humanos no ápice de seu desenvolvimento hormonal que já por natureza acham tudo isso chato e enfadonho (ainda mais com o sistema de educação fazendo SER chato e enfadonho).
Então precisamos de aulas mais dinâmicas e modernosas como dum cursinho pré-vestibular?
Não. Isso pode ajudar (e de fato ajuda, tanto que tem muito aluno que só vem a aprender nesses preparatórios alguns conteúdos que durante toda a formação acadêmica foram delegados), mas não é a resposta definitiva.
O paradigma da educação precisa ser revisto.
Qual o papel da escola na sociedade atual, essa é a pergunta que temos que responder.
Afinal, pais precisam entender que a escola não é o lugar onde crianças devem ficar para não encherem o saco em casa - inclusive para que eles, pais, possam trabalhar durante o dia.
Alunos precisam enxergar o potencial que a educação e estudo podem trazer em suas carreiras e, mais que isso, em suas vidas.
E professores precisam ter e ver a educação como algo mais que um simples emprego - e mais que isso, eles precisam, para toda a sociedade ser vistos como mais que um mero emprego e cargo.
(Este parágrafo de cima é o ponto chave do texto, se não ficou claro, por isso destaco com esse parenteses, mas por favor, caro amigo leitor, não é para te chamar de burro ou vitimado pelo sistema educacional brasileiro... É só para enfatizar mesmo).
Mas... Rever o paradigma da educação acaba com o problema?
Vou deixar essa pergunta no ar (enquanto eu tomo um), e volto para a parte dois do texto, sobre pesquisa, inovação, carga tributária de empresas e a falta de incetivo de formar profissionais (e empresas competitivas) no nosso país.
Afinal, quem sabe o que se passa na cabeça de um porco?
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