Com mais de 750 episódios divididos em mais de 34 temporadas, os Simpsons tem uma longa lista de episódios horrorosos e odiados pelos fãs, ao ponto que muitos acreditam piamente que quase nada (se é que alguma coisa) se salve após um determinado ponto e/ou temporada da série, geralmente depois da nona ou décima temporada... O que singifica mais de 20 temporadas de material ruim para analisar!
Eu acho isso um exageiro por diversos motivos - incluindo o fato que o primeiro grande episódio ruim vem justamente da nona temporada e é o objeto de análise na primeira coluna. Isso mesmo, o segundo episódio da nona temporada O Diretor e o Soldado (ou no original, The Principal and the Pauper) que é, honestamente, até que um episódio bastante bom considerando o que mais veremos nessa lista.
Sério, muitas das piadas são bem engraçadas, e uma em particular (mais tarde no episódio quando Homer começa a se perguntar porque determinada pessoa está em seu carro) está entre uma de minhas piadas favoritas do show, e, de novo, isso é bem mais do que poderemos dizer para vários dos episódios dessa lista - muitos dos episódios sequer tem alguma boia de salvação que faça deles engraçados, inteligentes ou qualquer outra coisa além de episódios ruins.
Mas existe um ponto que é notável nesse episódio em particular e é o quão ruim ele é em termos narrativos, de estrutura e principalmente no contexto geral do personagem Seymour Skinner, e, os três elementos se intercalam para formar esse caldo nojento e malcheiroso.
A ideia central do episódio é a de que o diretor da escola elementar de Springfield não é quem ele diz ser - na verdade ele é um soldado que se passou por Seymour Skinner por todos esses anos e o verdadeiro Skinner volta para tomar seu lugar. Sabe, tipo Mad Men faria anos mais tarde?
Narrativamente é uma bagunça, nada faz muito sentido e claramente não
existe algum propósito maior para a revelação de que o personagem que
conhecemos não é a pessoa real, e isso só serviu para uma menção ou
outra em momentos futuros (e não, isso não é um positivo).
O problema é que, além disso não ser particularmente engraçado e o episódio não propor nada minimamente interessante com a premissa em momento algum - isso ainda contraria toda uma série de pontos importantes sobre o caráter e a personalidade de Skinner que conhecemos das oito temporadas anteriores.
Skinner é um ex-soldado que serviu no Vietnam (onde episódios diferentes apontam cenários diferentes mas todos deixam bem claro que ele lida com problemas sérios pelo que ele passou por lá), e que ao chegar à América tudo o que conseguiu com seus anos de experiência no exército foi um cargo para o qual claramente não estava preparado, numa vida que seguiu em frente e o deixou para trás. Isso serve como uma série de críticas e comentários sobre a sociedade americana sobre o tratamento aos ex-soldados (principalmente da guerra do Vietnam que é uma das quais os EUA não venceram - e portanto não se orgulham), incluindo a dificuldade para readaptação e realocação (onde vemos em diversos episódios Skinner agindo tradicionalmente como um soldado implacável para cumprir sua missão - que se tornou a de cuidar de arruaceiros, mas mesmo em aspectos sociais na dificuldade do diretor em estabelecer conexões e relacionamentos).
Ao tirar esses aspectos do personagem e, bem, resumí-lo a um mentiroso que se passou por outra pessoa por décadas, ele não se torna um personagem mais completo e interessante (o exato oposto ocorre), e, de novo, isso sequer é interessante, engraçado ou é utilizado de qualquer maneira minimamente criativa.
O episódio termina de maneira parva ao tentar estabelecer que a cidade prefere o mentiroso Skinner ao verdadeiro e tudo volta a ser como antes - exceto que, bem, isso só acontece de maneira truncada e forçada para chegar a esse ponto.
Mas, verdade seja dita, está longe de ser o pior episódio da série. Acredito que fique na nota de corte, num sólido 3,5/10 em que qualquer episódio ruim que esteja um pouco acima está à salvo mas qualquer episódio que sequer chegue a esses 3,5, bem, forme algo realmente desprezível.
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