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11 de novembro de 2015

{EDITORIAL} Precisamos falar sobre Bond?

Durante as entrevistas coletivas para o lançamento do atual filme de James Bond - que eu resenhei sábado - o ator Daniel Craig em dois momentos teve um acesso de antipatia que lhe parece descaracterístico.


Eu francamente acho 1) Uma pena que o melhor ator a representar o papel abandone com tão poucos filmes (ainda quando o atual está tão longe de ser um desfecho ideal), 2) Que existam muitas coisas nos bastidores (principalmente DESSE filme em particular) que fizeram Craig se irritar tão profundamente, ao que acho inclusive que tem algo com a direção tomada por Sam Mendes tornando o personagem mais caricato e cartunesco (como nos filmes clássicos), e 3) Que é um pouco cedo para definir e saber qualquer coisa, mas isso nunca impediu ninguém antes.
É uma pena se ele sair, é uma pena se o mercado de produção de filmes estiver nesse ponto tão deveras estressante, mas verdade seja dita, onde rola muito dinheiro sempre rola muita cobrança.

Muitos críticos de filmes já vem falando sobre possíveis candidatos e novas releituras e blá-blá-blá pra o próximo filme (que no mínimo sairia em 3 anos, e se tiverem que mudar o ator realmente, conte pelo menos uns cinco).

Nisso eu acho que todos os críticos estão errados em tentar apontar nomes conhecidos (ou que já estiveram em algum filme de sucesso), que, para Bond assim como Doutor Who é uma lógica que não funciona. O sujeito PRECISA ser uma página em branco, uma tabula rasa que será moldado PARA ser e personificar essa 'entidade' ou ao menos essa geração dessa entidade, e para tanto ele não pode ser alguém que facilmente associemos a outra marca.
Mesmo que o ator tenha feito outros trabalhos, ele não pode ser tão intimamente conectado a eles, como por exemplo Bruce Willis com Duro de Matar.

Ainda assim, eu acho que a busca precisa mudar um tanto o escopo proposto e, enquanto muito se fala de atores com um tipo físico parecido com o de Craig (atores musculosos como Idris Elba ou mesmo o atual Mad Max Tom Hardy), partindo para algo mais parecido com a figura proposta por Warren Ellis e Jason Masters da recém lançada série da Dynamite Comics.
Bond é mago e esguio, com feições mais jovens e um tom mais jovial (ainda que um assassino hábil e facilmente adaptável). O tipo físico é mais para o de Benedict Cumberbatch ou David Tennant (duas péssimas sugestões para o papel se alguém me perguntar, principalmente pelos motivos do parágrafo anterior, mas ainda acho que é o caminho - o tipo de atores novatos que a BBC chamaria para estrelar alguma grande produção).

O tom da história de Ellis também me pareceu interessante para futuras aventuras de Bond (começando com uma busca por vingança sobre o assassino de outro operativo do MI6, e partindo em caça de um cartel de drogas distribuindo um perigoso produto pelas ruas de Londres), ainda que tenha vários dos clichês bobos dos filmes clássicos (sim, sim, querem acabar com o programa 00, M é uma mera figura de autoridade vazia e inexpressiva enquanto Moneypenny é a secretária e objeto de avanços sexuais de Bond...). É cedo para julgar a história pelo começo, mas ao menos foi promissora, e é um tom, ainda que diferente dos filmes de Daniel Craig, igualmente imbuídos do DNA dessa releitura, mais sóbria e coerente.

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